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05-2024

Maio Fotografia no MIS abre exposição inédita de Sebastião Salgado

O Maio Fotografia no Museu da Imagem e do Som (MIS) volta em 2024 com uma extensa agenda de exposições, com obras de fotógrafos nacionais e estrangeiros já consagrados e novos talentos. A programação, que será aberta no dia 10 de maio e deverá permanecer até dia 30 de junho, se completa com lançamentos de livros, mostras paralelas, conversas com artistas, cursos e diversas atividades relacionadas ao mundo da fotografia. A maior atração, no entanto, é a exposição inédita de Sebastião Salgado sobre a Revolução dos Cravos, em Portugal, que acaba de completar 50 anos.

Cena registrada por Sebastião Salgado em 1975 em Aljustrel, na região de Beja, sul de Portugal

Nela, o renomado fotógrafo mineiro apresenta uma série inédita, com curadoria do jornalista Leão Serva. A exposição exibe 50 imagens que ficaram guardadas nos 50 anos e vem à público pela primeira vez no aniversário de um dos maiores marcos da história de Portugal e da democracia na Europa – a Revolução dos Cravos derrubou uma ditadura comandada por Antônio Salazar, que durou de 1933 a 1974. São feitos por Salgado em, em Lisboa, Porto e outras cidades portuguesas (além de colônias na África, como Moçambique) ao cobrir o movimento português como fotojornalista da Agência Sygma – que na época contava com o francês Henri Cartier-Bresson como seu principal diretor

Crianças na cidade do Porto, em 1975, em manifestação celebrando o fim da ditadura de Salazar em Portugal

É um retorno em grande estilo do Maio Fotografia, que terá outras importantes mostras. Além da de Salgado, haverá a mostra da fotógrafa baiana Thereza Eugênia, que registrou de forma íntima o convívio de artistas brasileiros no Rio de Janeiro das décadas de 1960 a 1980. O experiente fotojornalista paraenseGabriel Chaim, que cobriu diversas guerras nos últimos dez anos na linha de frente, também exibe seu trabalho no MIS numa exposição inédita.

Abraço carinhoso de Chico Buarque em Gal Costa registrado por Thereza Eugênia no Rio de Janeiro em 1976

Thereza Eugênia frequentava as rodas culturais mais ativas no Rio de Janeiro graças à amizade com o produtor musical Guilherme Araújo e diversos artistas. Isso lhe permitira, a princípio como um hobby, fotografar as estrelas em momentos dos mais variados. A exposição “Encontros” retrata figuras muito conhecidas do grande público em situações comuns do dia a dia. Nomes como Chico Buarque, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Ney Matogrosso, Gal Costa, Gilberto Gil, Fafá de Belém, Djavan, Gonzaguinha, Zezé Motta, Roberto Carlos estão na exposição através do sensível olhar da fotógrafa.

Cena captada em Havi Zarai, no Iraque, pelo fotojornalista Gabriel Chaim em 2017

Fotógrafo e cinegrafista premiado, Gabriel Chaim documenta conflitos, guerras e crises humanitárias no Oriente Médio, na Europa e na África. Ele terá sua primeira retrospectiva e aproveita para lançar o livro “Gabriel Chaim: 10 anos de guerras sem fim” pela editora Vento Leste – a exposição é homônima. O conjunto de imagens sintetiza o olhar do fotógrafo focado em conflitos recentes ou ainda em curso na Síria, no Iêmen, na Líbia, na Armênia, no Iraque e na Ucrânia. O lançamento do livro está previsto para o dia 22 de maio, seguido por bate-papo, no Auditório MIS, com entrada gratuita.  

A icônica foto da Batalha de Iwo Jima (1945), ganhadora do prêmio Pulitzer, feita por Joe Rosenthal

Outra exposição que estará em cartaz a partir de 10 de maio é “Mulheres na frente e por trás das câmeras”, com obras do acervo do MIS. Desse vasto mosaico de imagens realizadas não só em períodos, mas em suportes diferentes e com temas mais diversificados ainda, a exposição destaca quatro nomes: a inglesa radicada no Brasil Maureen Bisilliat, a cubana Maria Eugenia Haya (Marucha), a paulistana Lucila Wroblewski e a sérvia radicada no Brasil Gordana Manić. São mulheres que nos dão uma perspectiva multigeracional e multiétnica da plural produção fotográfica da década de 1960 até o final da primeira década dos anos 2000.

Mulher com bobes nos cabelos para fazer cachos na década de 1960 em imagem captada por Maureen Bisilliat

Também poderá ser vista a mostra “Como a história foi contada”, que abarca a “Era de Ouro” do fotojornalismo (período que cerca as duas Guerras Mundiais) e reúne dezenas de imagens da Coleção Allan Porter, cedidas ao MIS por Wulf Rössler. O fotojornalista Allan Porter, falecido em 2022, guardou cerca de três mil negativos, cromos, ampliações em papel fotográfico e papel japonês de diversos fotógrafos que tiveram seus trabalhos publicados durante os 15 anos em que ele esteve à frente da cultuada Revista Camera (1966 – 1981). Para o Maio Fotografia foram selecionadas mais de 60 fotos de momentos históricos ao redor do mundo dentro desse recorte temporal, muitas delas ganhadoras do aclamado prêmio Pulitzer.

As mostras se complementam com “Infravermelho, uma realidade oculta”, de Bruno Matthas, dentro do projeto Nova Fotografia do MIS – que seleciona novos talentos da fotografia nacional por meio de convocatória anual – e “Uma rua chamada cinema”, de Sergio Poroger, que implementa uma jornada imagética pelo universo do cinema de rua.

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