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03-2024

Fotos de McCurry passam a ser exibidas em TV da Samsung

O americano Steve McCurry, membro da renomada agência Magnum Photos e colaborador durante muitos anos da renomada revista National Geographic, é mundialmente conhecido por ser olhar criador do icônico retrato “Garota Afegã”. O veterano fotógrafo desempenha um papel significativo na fotografia documental contemporânea há mais de quatro décadas. Através de suas lentes, McCurry registrou conflitos mundiais, culturas à beira da extinção, tradições antigas e a sociedade moderna de maneira expressiva e pessoal. Das movimentadas ruas da Índia às zonas de guerra ativas no Afeganistão, as imagens de McCurry transcendem simples documentação, pois parecem “janelas” que mostram ao mundo a experiência humana e suas muitas faces. Essas “janelas” agora passam também a ser aparelhos de TV.

Imagem captada pelo americano Steve McCurry na região da Caxemira, Índia, em 1999

Sinal dos novos tempos, as narrativas visuais de McCurry podem ser acessadas em um televisor graças a um acordo que o fotógrafo e a Magnum Photos fizeram com a Samsung, que disponibiliza parte do fantástico acervo da agência no modelo The Frame, a TV ultrafina da marca, por meio do programa Samsung Art Store. O aparelho mais parece um quadro na parede, mas tem a funcionalidade de uma TV normal – com telas de 32 a 85 polegadas e resolução 4K. Quando desligada, ela exibe uma fotografia – que pode ser de McCurry ou de outro fotógrafo – ou uma obra de pintores famosos. Há também a possibilidade de escolher entre seis tipos de molduras customizadas, que a deixam ainda mais parecida com um elegante quadro na parede. Em entrevista à equipe de comunicação da Samsung, Steve McCurry fala sobre sua inspiração e como a tecnologia pode imortalizar as histórias contadas por meio de imagens.

O fotógrafo esteve pela primeira vez no Brasil em 2010 para uma palestra e um workshop a convite de Fotografe_Divulgação

Há algum momento ou experiência significativa que influenciou a forma como você aborda seu trabalho como fotógrafo?
 

Sempre tive vontade de viajar e ultrapassar limites. Depois de me formar na Universidade da Pensilvânia e trabalhar em um jornal por dois anos, comprei uma passagem só de ida para a Índia com o dinheiro que havia economizado. Passei dois anos viajando pela Índia e pelo Nepal, fotografando para diversas revistas. Na Primavera de 1979, fiquei num pequeno hotel em Chitral, no Paquistão – onde conheci alguns refugiados afegãos do Nuristão que me explicaram que diversas aldeias da sua região tinham sido destruídas. Disse a eles que era fotógrafo e eles insistiram para que eu fosse até lá e fotografasse a guerra civil. Eu nunca tinha fotografado uma área de conflito antes e não sabia como reagir. Depois de alguns dias, fomos caminhando pelas montanhas até chegar no Afeganistão, onde passei quase três semanas fotografando a vida lá. Fiquei surpreso ao ver tantas aldeias praticamente destruídas e abandonadas. As estradas estavam todas bloqueadas ou sob controle do governo, então tivemos que caminhar por toda parte. Durante esse período, conheci algumas pessoas das quais me aproximei. Fiquei tocado pela cultura e beleza do país. Era um modo de vida diferente, desprovido das conveniências modernas, e fui atraído pela simplicidade desse estilo de vida. Tudo foi reduzido ao básico, e essa essência me fez retornar ao Afeganistão repetidas vezes.

Menino durante o tradicional Festival Holi, a festa das cores, em Mumbai, Índia, em 1996

Você é reconhecido por capturar emoções cruas e momentos íntimos. Como você constrói confiança com quem você fotografa, especialmente em ambientes culturalmente diversos?
 

Na minha experiência, a maioria das pessoas é acessível. Acredito que, depois de explicar o que você está fazendo e como podem se envolver no processo, as pessoas se abrem e permitem que você as fotografe. Minhas fotografias refletem a maneira como observo o mundo e o que me rodeia. Meu objetivo é encontrar algum tipo de universalidade entre as pessoas em uma enorme variedade de condições. Se eu for bem-sucedido, meu trabalho artístico deverá ser compreendido de forma universal por qualquer pessoa que tenha experimentado a condição humana, independentemente de suas circunstâncias.

Monges shaolin durante treinamento em mosteiro de Zhengzou, na China, em 2004

Você tem uma fotografia favorita entre as suas obras?
 Uma das minhas fotos favoritas foi feita quando eu estava em uma parte antiga do Rajastão, na Índia. A cidade inteira está pintada com uma maravilhosa cor azul. Em uma esquina, deparei-me com a descoberta de que crianças tinham deixado marcas de mãos na parede durante um festival. Surgiu a ideia: “Que bela imagem seria se eu conseguisse capturar pessoas entrando ou saindo do enquadramento”. Depois de permanecer parado por cerca de duas horas, um menino entrou correndo e eu o fotografei no meio do caminho. Fiquei – e ainda estou – feliz com essa foto.

Este flagrante de um menino correndo em Jodhpur, no Rajastão, India, é uma das imagens favoritas de McCurry

Como a tecnologia mudou a forma como você trabalha ao longo dos anos?
Durante a maior parte da minha carreira, trabalhei exclusivamente com filmes, mas atualmente, fiz a transição completa para a tecnologia digital. Embora isso não tenha mudado a forma como encaro o meu trabalho ou a forma como fotografo, a tecnologia sem dúvida transformou o processo, possibilitando-me trabalhar com muito menos luz e em situações mais complexas do que era possível no passado. No entanto, as mesmas verdades se aplicam a qualquer imagem, independentemente da técnica utilizada para criá-la. Há impermanência em todas as coisas e nostalgia em relação ao passado, mas eu prefiro direcionar meu olhar para o futuro.

Pescadores equilibristas registrados por Steve McCurry no Sri Lanka em 1995

Como os usuários reagiram ao seu trabalho na The Frame?
A resposta tem sido excelente. Os usuários estão empolgados por ter uma ampla variedade de obras de arte disponíveis na The Frame para manter o interior de suas casas sempre atualizado. Isso possibilita aos usuários descobrir e apreciar novos artistas e obras de arte. É interessante ver meu trabalho ao lado de obras-primas clássicas de Van Gogh e da Vinci, assim como de muitos outros artistas emergentes.

Vendedor de flores com seu barco no Lago Dal, na Caxemira, Índia, um país muito visitado por McCurry 

Quais obras você recomendaria aos usuários exibirem na The Frame?
Gosto de uma que fiz no Tibete, que há séculos exibe bandeiras de oração adornadas com escritos sagrados. Elas foram penduradas acreditando-se que a boa vontade e a compaixão se espalhariam por todos os seres vivos à medida que o vento passasse sobre elas. Tem outra que registrei na região da Caxemira, na Índia. Passei duas semanas acompanhando vendedores de flores enquanto eles comercializavam seus produtos ao longo das margens do Lago Dal. O ato de comprar e presentear flores está profundamente enraizado nas tradições da região, sendo uma parte integrante tanto da estética quanto da economia local. As shikaris, canoas repletas de flores, proporcionavam uma profunda sensação de tranquilidade.

A foto de bandeiras com escritos sagrados, feita no Tibete em 2005, é uma das imagens disponíveis para a The Frame

O formato digital da The Frame se compara a outras plataformas onde você compartilhou seu trabalho, como galerias, museus ou mesmo capas de revistas?
Cada meio tem suas vantagens. A arte digital é praticamente permanente, e a exposição ao calor e à luz não afeta as cores, embora a escolha da plataforma possa depender da preferência pessoal. Muitos museus enriquecem suas exposições com apresentações multimídia, mesclando diferentes formatos. Será fascinante observar o que o futuro nos reserva, à medida que a tecnologia continua a evoluir. A The Frame proporciona uma experiência encantadora para apreciar fotos em um ambiente doméstico mais íntimo. Lembro-me de sair de um avião e ver uma de minhas fotos em uma tela enorme no aeroporto JFK, em Nova York. Foi surreal ver meu trabalho apreciado por milhares de pessoas que passavam pelo terminal. Da mesma forma, a The Frame permite que as pessoas vejam arte com mais conforto, adicionando uma nova dimensão à experiência.

A Samsung The Frame é uma TV ultrafina que, colocada rente à parede, parece um quadro 

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