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01-2024

Como “Garotas nas janelas” se tornou uma das fotos mais lucrativas do mundo

A imagem “Garotas nas janelas”, produzida em 1960 pelo fotógrafo americano Ormond Gigli  no coração de Manhattan, Nova York, tem uma história muito interessante e também passou a ser considerada por especialistas em 2023 como uma das fotos mais lucrativas do mundo. Ela mostra 43 mulheres com vestidos coloridos nas janelas de um prédio que seria demolido e até hoje faz sucesso nos leilões de arte – estima-se que a venda de uma centena de cópias tenha somado US$ 12 milhões.

A imagem “Garotas nas janelas” se tornou icônica e inspirou muitas outras produções semelhantes ao longo de décadas

Para despertar o interesse do público por meio da exclusividade, fotógrafos profissionais fazem apenas cinco ou seis cópias de suas obras, mas “Garotas nas janelas” teve de início 75 impressões da edição de 127 cm e 44 da edição quadrada de 69 cm, ambas no formato quadrado – Gigli usou uma câmera de médio formato Speed Graphic 5×4 com lente grande angular e fez 16 fotogramas. O fotógrafo morreu em 2019, aos 94 anos, e o filho, Ogden, é quem administra o patrimônio do pai.

Ormond Gigli fez seu próprio retrato em uma das janelas em meio ao prédio em demolição para marcar seu projeto

Ormond Gigli teve uma carreira de sucesso como fotojornalista das revistas Time, Paris Match, Life, entre outras, e ficou famoso no início da década de 1950 por suas imagens de teatro, celebridades, dança, pessoas, moda e lugares exóticos. Durante as décadas de 1970 e 1980, voltou-se para a fotografia publicitária e, ao mesmo tempo, continuou seu trabalho editorial. Ao longo dos anos, a pedido do filho Ogden, o renomado fotógrafo assinou mais cerca de 600 cópias numeradas, que foram sendo vendidas por preços que variam entre US$ 15 mil e US$ 30 mil. Elas podem ser vistas em galerias ao redor do mundo, como em Nova York, Londres e Paris. Em 2023, sete unidades foram vendidas em leilões – hoje é possível encontrar uma cópia oferecida por uma galeria na Europa por 50 mil euros.

Retrato do músico Louis Armstrong realizado em 1971 por Ormond Gigli, que hoje também é vendido em galerias

A ideia da foto no prédio foi motivada pelo fato de que ele seria demolido no dia seguinte – por isso as janelas já não tinham vidraças. O fotógrafo obteve a autorização da prefeitura local e do supervisor da obra para fotografar durante o intervalo de almoço dos trabalhadores envolvidos na demolição. O supervisor impôs uma condição: incluir a esposa dele (terceira da esquerda, no terceiro andar) na imagem. Gigli também incluiu a própria esposa e contou com o apoio de uma agência de modelos para ter mais 41 mulheres, já que não tinha verba para pagar ao cachê das modelos. Incluiu um Rolls Royce emprestado em frente ao prédio para fazer um contraponto e coordenou a foto na escada de incêndio do prédio ao lado, onde ficava seu estúdio, emitindo ordens por meio de um megafone.

Flagrante de rua captado por Ormond Gigli na cidade do Rio de Janeiro em 1955, quando ele veio ao Brasil pela primeira vez

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