04-2023
Imagens de moda via IA geram polêmica e aplausos
O novo mundo da inteligência artificial – que está apenas começando – ainda vai gerar muita polêmica na fotografia (e nas mais diversas áreas). Dois casos recentes provocaram reações com sinais trocados: o fotógrafo italiano de moda Emanuele Boffa misturou imagens criadas via IA (sem identificá-las) com fotos reais no seu portfólio virtual na revista “Vogue” e no Instagram e foi duramente criticado. Já o artista visual e cineasta nigeriano Malik Afegbua usou IA para produzir uma série batizada de “Um Desfile de Modas para Idosos” e foi aplaudido pela iniciativa.
Boffa admitiu que cinco imagens em seu feed do Instagram foram geradas por IA, mas sem qualquer aviso aos seus 41 mil seguidores. Elas se misturam com o restante de seu trabalho, que ele descreve como “pessoas reais e paisagens reais”. O fotógrafo italiano diz que trabalha com todos os tipos de tecnologia, inclusive IA. “Mas não uso apenas IA para gerar fotos, uso Blender, Photoshop e outros sistemas. Minhas fotos durante anos nunca foram puras, mas não preciso me justificar”, afirmou ele.
Desde novembro de 2022, na época em que o Midjourney V4 foi lançado, uma série de imagens aparentemente feitas em várias parte do mundo apareceram em seu feed sem que nenhum dos supostos modelos fosse marcado nas postagens. “Acho que as pessoas não ligam muito. A inteligência artificial, quando bem usada, mostra exatamente o que existe na cabeça do autor”, comenta.
Boffa é claramente um fotógrafo talentoso, como fica evidenciado nas postagens anteriores à adoção de IA. Porém, alguns fotógrafos o acusaram de bloquear pessoas que questionam se seu trabalho é gerado por IA, o que provoca curtidas fraudulentas em fotos.
Idosos na passarela
Já o Malik Afegbua não escondeu de ninguém que usou IA para criar um desfile de moda em que todos os modelos são negros da terceira idade. Impulsionado pelo desejo de dar visibilidade a pessoas carentes de representatividade , Afegbua decidiu colocá-los no centro das atenções em “Um Desfile de Modas para Idosos”, mostrando elegante senhores e senhores africanos cheios de confiança e energia.
Para gerar essas imagens, ele apresentou retratos da etnia Ngochola, um povo imaginário que viveu há 250 mil anos no continente africano. Também se inspirou na moda nigeriana tradicional e deu um toque de roupas afro-futuristas.
Malik Afegbua deseja tirar seu desfile do mundo virtual e trazer para o real. Ele vem conversando com várias referências do mercado sobre o projeto. Mas, enquanto isso não ocorre, o diretor de cinema de Nollywood (segunda maior indústria audiovisual do mundo), trabalha em um documentário da Netflix sobre Nike Davies-Okundayee, designer nigeriana que tem reconhecimento global na moda, conhecida como Mama Nike.