A fotografia de cena de rua é um constante desafio. Nessa caçada de imagens, na qual o  mestre francês Henri Cartier-Bresson foi um dos maiores caçadores, o olhar precisa estar muito atento e o fotógrafo precisa ver mais do que ser visto. Pupilo de Carlos Moreira (1936- 2020), Gustavo Minas é de uma nova geração de street photographers que busca nas ruas da cidade não somente flagrantes do cotidiano, mas também a cor, o reflexo, o grafismo e a composição surpreendente. O talento do fotógrafo nascido na pequena Cássia (MG) poderá ser conferido até 23 abril de 2023 na exposição Cidades Líquidas, em cartaz na Galeria de Fotos, no Centro Cultural Fiesp (CCF), em São Paulo (SP). A mostra tem curadoria da mestra Rosely Nakagawa e reúne 55 obras de Minas que registram o dia a dia de grandes centros urbanos.

Crédito Gustavo Minas

O fotógrafo mineiro procura fotografar várias camadas da realidade, definidas por diferentes necessidades pessoais de múltiplos grupos socioeconômicos. Do homem branco executivo que se fecha em um automóvel de luxo à diarista que leva horas para se locomover por meio de transporte público lotado. Dos lugares construídos para garantir, em nome do medo e da segurança, o isolamento e a desumanização nas relações sociais e culturais.

Crédito Gustavo Minas

Segundo Rosely Nakagawa, Gustavo Minas “insere seu olhar na percepção de um espaço/tempo cibernético. A experiência de ir e vir é indicada em janelas espelhadas individuais. A realidade presente é a da internet onde quer que estejamos. Conhecemos o lugar pelo link, o sujeito, pelo perfil. Suas imagens nos trazem o desconforto do passageiro no ônibus que embarca e se senta para ver o sol se pôr nos relógios digitais.”

Crédito Gustavo Minas

As relações visuais entre o lugar simbólico, o ser e o estar, no entanto, são características marcantes do fotógrafo. Um exemplo são as imagens captadas em Brasília (DF), que fogem do estereótipo das formas geométricas arquitetônicas e das manifestações e desfiles no Palácio da Alvorada. Jornalista por formação, ele resolveu dedicar-se à fotografia mais seriamente a partir de 2009, quando fez um curso de linguagem fotográfica com Carlos Moreira, ícone da fotografia de cena de rua brasileira.

Crédito Gustavo Minas

Já dedicado assiduamente ao gênero, ele mudou-se para Brasília em 2014, cidade que passou a ser o centro da sua atenção, principalmente a rodoviária da capital federal. O trabalho lá desenvolvido foi vencedor da categoria “O Futuro das Cidades” no concurso Pictures of the Year Latino-América de 2017 e chegou ao editor austríaco Lois Lammerhuber, que o convidou para produzir seu primeiro livro, Maximum Shadow Minimal Light, lançado em maio de 2019 em Hamburgo, Alemanha, com uma exposição na Freelens Galerie.

Crédito Gustavo Minas