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08-2025

Rosa Gauditano morre aos 70 anos e deixa um legado de trabalhos de relevância

caraja girl, Bananl island, Tocantins, Brazil Menina Carajá

Imagem de uma menina da etnia carajá: Rosa Gauditano começou a documentar os povos indígenas em 1989

A renomada fotógrafa Rosa Gauditano, 70 anos, morreu na quinta-feira, dia 7 de agosto de 2025, vítima de um infarto fulminante. Fotojornalista e documentarista, no começo dos anos 1980 trabalhou no jornal Folha de S.Paulo e na revista Veja. Em 1985, fundou sua própria agência de fotografia, Fotograma Fotojornalismo e Documentação, ao lado de Emídio Luisi (com quem era casada na época)  e Ed Viggiani, passando atuar de fiorma independente.

Yanomami with hummingbird, Demini Village, Roraima, Brazil,1991,

A foto mais conhecida de Rosa Gauditano: a pureza de um indígena yanomâmi vista na sua relação com um beija-flor

Rosa Gauditano realizou trabalhos marcantes, como a documentação da comunidade lésbica paulistana no anos 1970, que concentrava no Ferro’s Bar e na boate Dinossauros, em São Paulo (SP). São imagens que foram censuradas na época e que deram visibilidade a uma população marginalizada, com a narrativa do que era ser uma pessoa LGBTQIA+ durante a ditadura militar. Nas décadas de 1970 e 1980, fotografou levantes sociais, como as greves no ABC Paulista, os movimentos de mulheres contra a violência doméstica, a vida de crianças de rua e de prostitutas. A partir de 1989, passou a fazer uma ampla documentação de povos indígenas, registrando costumes, cultura e cotidiano de etnias como xavantes, yanomâmis, caiapós, tucanos, guaranis, carajás e pancarus.

1981, passeata de mulheres contra assassinato de Eliana de Gramont por seu marido Lindomar Castilho com um tiro. A frente a esquerda a artista de novelas Cristiane Torloni.

Protesto feminino na Avenida da consolação, em São Paulo, nos anos 1980, pelo fim da violência contra a mulher

Em 2022, Rosa Gauditano recebeu o prêmio de melhor livro autoeditado no festival Photo España com a obra A Mesma Luta, sobre as mulheres nos movimentos sociais nas décadas de 1970 e 1980. As obras da fotógrafa paulistana integram importantes acervos, como o do Conselho Mexicano de Fotografia e do Museu de Arte de São Paulo. Ela participou de muitas exposições individuais e coletivas no Brasil, Londres, França, México, Itália, EUA e China. Em termos acadêmicos, estudou Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero, cursou Fotografia na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) e atuou como professora convidada de fotojornalismo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Também se graduou em Video Digital pela Universidade Paulista. Atualmente, era diretora do Studio R e trabalhava com projetos de fotografia, exposições e livros.

A fotógrafa paulistana Rosa Gauditano em palestra durante o Festival FotoDoc de 2022

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