A partir do dia 30 de março, João Machado, fotógrafo baiano radicado em São Paulo (SP), vai reunir pela primeira vez um trabalho de duas décadas na exposição Herança do Pai, que dá sequência ao projeto 16 Ensaios Baianos, da Fundação Pierre Verger Galeria, na Rua da Misericórdia, Centro Histórico de Salvador (BA).

Charretes que transportam romeiros até o Santuário de Bom Jesus da Lapa – João Machado

Durante toda a infância, até os 19 anos, Machado viveu no mês de agosto a expectativa da viagem de ida e de volta do pai, na carroceria de um caminhão de romeiros, de Xique-Xique à Bom Jesus da Lapa, cidades da margem direita do Rio São Francisco, no Oeste da Bahia. Somente em 2002, aos 31 anos, já como fotógrafo profissional, ele foi pela primeira vez à Bom Jesus da Lapa e passou a repetir desde então o mesmo percurso do pai, numa espécie de busca de uma herança afetiva.

Sala dos Milagres na gruta do santuário, local de muita fé dos ex-votos – João Machado

Coordenador cultural da Fundação Pierre Verger, Alex Baradel chama atenção sobre a originalidade do olhar de João Machado para a romaria da Lapa, um assunto bastante fotografado. “A gente conseguiu selecionar fotos que vão nesse sentido do trabalho dele, de não mostrar a romaria de forma mais clássica, mas sob esse olhar que foge do lugar comum, fazendo enquadramentos originais, botando pessoas desfocadas na frente, cortando pessoas, trabalhando muito a luz como ele sempre faz, pegando mais o cotidiano das pessoas ali naquele lugar, de forma poética e original. Acho que o resultado ficou muito bom”, afirma.

Detalhe da simplicidade e fé nas mãos de um romeiro em Bom Jesus da Lapa – João Machado

Descrita e denominada de “Meca do Sertão” por Euclides da Cunha no livro “Os Sertões”, Bom Jesus da Lapa recebe a mais antiga romaria do Brasil. Com mais de três séculos de história, a Lapa é um dos três mais importantes destinos de fiéis católicos do Brasil, ao lado da romaria de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (SP), e a do Padre Cícero, em Juazeiro do Norte (CE). Para a gruta sagrada, sob um maciço de calcário de 90 metros de altura, peregrinam milhares de fiéis com suas súplicas, agradecimentos, louvores e promessas a pagar. Para saber mais: @FundacaoPierreVerger ou www.pierreverger.org.

O caminhão continua a ser o meio de transporte para muitos de romeiros – João Machado