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10-2023

Fotógrafa indiana Gauri Gill recebe US$ 109 mil do Prix Pictet da Suíça

A renomada fotógrafa indiana Gauri Gill foi escolhida como a ganhadora do 10º Prix Pictet e recebeu um invejável prêmio em dinheiro: 100.000 francos suíços (cerca de US$ 109 mil ou R$ 510 mil), uma das maiores somas já vistas como premiação de um trabalho fotográfico no mundo. Descrito como o principal prêmio mundial de fotografia e sustentabilidade, foi criado em 2008 pelo Grupo Pictet, que reúne um banco privado multinacional suíço e uma empresa de serviços financeiros, com o objetivo de aproveitar o poder da fotografia para chamar a atenção global para questões ambientais críticas.

Foto de “Notas do Deserto”, ensaio documental de 1999: Hanuman Nath com sua filha e Hem Nath, no Holi Day, em Lunkaransar

Mas esse não é um concurso para todos os fotógrafos: a inscrição só é permitida por meio de nomeação da rede global do Prix Pictet de mais de 300 nomeadores, que inclui críticos, curadores e outros especialistas em artes visuais. Aos indicados ao prêmio é solicitado o envio de um portfólio que tenha o poder e a qualidade artística exigidos pelo prêmio e que esteja dentro do tema do ano. Desde a sua criação, os organizadores informam que foram nomeados mais de 5 mil fotógrafos, “cujos trabalhos, de uma forma ou de outra, testemunham o estado frágil do planeta”.

A camponesa Izmat no alto de uma árvore em Barmer, Rajastão, Índia, em 1999

Depois de recebidas as inscrições dos trabalhos dos nomeados, um júri independente seleciona os que são considerados artisticamente destacados e também tenham narrativa convincente relacionada ao tema do ano. A partir dessa lista, o júri escolhe um vencedor para receber a bolada de 100.000 francos suíços.

Gauri Gill, a vencedora de 2023, foi a eleita entre 12 fotógrafos finalistas em razão da sua série documental Notes from the Desert (Notas do Deserto, em tradução livre), com fotos feitas com filme P&B em 1999. “Nas minhas muitas visitas à zona rural do Rajastão, na Índia, testemunhei uma realidade complexa sobre a qual nada sabia como morador de cidade grande. Viver na pobreza e sem terra no deserto equivale a uma dependência inescapável de si mesmo, uns dos outros e da natureza. Esses fragmentos de experiência compartilhada habitam agora um grande arquivo fotográfico denominado Notas do Deserto, abrangendo diferentes narrativas e variadas formas de produção de imagens”, explica Gill sobre seu trabalho.

Mir Hasan com seu avô Haji Saraj ud Din, em seus últimos dias, em Barmer, 1999

Isabelle von Ribbentrop, a diretora executiva do Prix Pictet, diz que em um mundo que enfrenta desafios sem precedentes, desde a desigualdade social às crises ambientais, é crucial virar a lente para a própria humanidade, por isso o tema de 2023 foi “Humano”.  “Esse tema oferece uma plataforma para explorar as complexidades, vulnerabilidades e pontos fortes da condição humana. Permite aos artistas capturar e comunicar as histórias, lutas e triunfos de indivíduos e comunidades em todo o mundo”, afirma ela.

As irmãs Urma e Nimli brincam em uma árvore em Lunkaransar, Rajastão, 1999

Gauri Gill, 53 anos, mora em Nova Delhi e tem reconhecimento mundial. Em 2011, ela recebeu o Prêmio Grange de Fotografia Contemporânea, o de maior prestígio do Canadá. Nascida em Chandigarh, Índia, fez o bacharelado em Arte Aplicada no Delhi College of Arts, em Nova Delhi. Depois, obteve seu bacharelado em Fotografia na Parsons School of Design, Nova York, em 1994, e o mestrado em Fotografia na Universidade de Stanford, em Palo Alto, Califórnia, em 2002. Seu trabalho foi exibido  em lugares como a Whitechapel Gallery, Londres (2010), The Wiener Holocaust Library, Londres (2014); Museu de Arte de San José, Califórnia (2015);  7ª Bienal de Moscou e Centro Pompidou, Paris, em 2017; no MoMa, Nova York, e Museu Tinguely, Basileia, em 2018; na 58ª Bienal de Veneza e na Galeria Nacional do Canadá, Ottawa, em 2019; e no BAMPFA, Berkeley, Califórnia (2020).

Gauri Gill iniciou a carreira em 1999 justamente com a série documental que lhe deu o prêmio

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