03-2023
Brasileiro entra no livro de destaques do fotojornalismo
A National Press Photographers Association (NPPA), com sede nos Estados Unidos, lançou um livro com os premiados do concurso Best of Photojournalism 2022, competição global para fotojornalistas, cinegrafistas, estudante de jornalismo e editores. Os principais destaques entre os portfólios foram o malaio Marcus Yam, do Los Angeles Times, na categoria de Jornais de Grandes Mercados, e a americana Lynsey Addario, fotojornalista independente, na categoria de Revistas. O brasileiro Felipe Dana, da Associeted Press, ficou com o primeiro lugar em Reportagem.
Yam foi reconhecido por seu portfólio de trabalho criado como correspondente estrangeiro e fotojornalista de equipe. Ele cobriu a saída militar dos Estados Unidos do Afeganistão e documentou o impacto nos direitos das mulheres quando o Talibã assumiu o controle do país, testemunhou protestos antigovernamentais no Líbano e a vida na cidade de Gaza. “Aprendi a viver com minha mala, dormir em aeroportos, fazer malabarismos com a logística e até mesmo criar pontos de passagem para armazenamento de entrega”, diz Yam, sobre como aprender a ser um correspondente estrangeiro. “Mas, apesar dos desafios e frustrações, as lições importantes vieram dos momentos tensos e angustiantes do campo”, afirma.
Addario foi escolhida por uma reportagem sobre um violento conflito político entre o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, e o partido governante de Tigré, o estado regional mais ao norte daquele país. Através dos olhos das mulheres em Tigré (algumas que foram estupradas, queimadas ou violentamente feridas), Addario leva os espectadores ao conflito por um longo período de tempo. “Não podia fechar os olhos para as atrocidades cometidas”, disse ela à National Geographic em uma entrevista sobre o projeto. “Sinto uma responsabilidade jornalística de expor o que está acontecendo em Tigré… foi devastador testemunhar crianças inocentes sofrendo emocional e fisicamente com a violência generalizada… Nunca vou entender como os seres humanos são capazes de tamanha maldade, principalmente quando dirigida a crianças – as mais inocentes de todos nós”, comenta.
O trabalho de Felipe Dana foca no tratamento dado a usuários de drogas no Afeganistão pelo governo do Talibã. “Ao cair da noite, combatentes endurecidos pela batalha transformados em policiais vasculham o submundo devastado pelas drogas. Abaixo das movimentadas pontes de Cabul, em meio a pilhas de lixo e riachos de água suja, centenas de sem-teto viciados em heroína e metanfetaminas são presos, espancados e levados à força para centros de tratamento. É a nova ordem sob o governo do Talibã: os homens (muitos com doenças mentais, segundo os médicos) sentam-se contra paredes de pedra com as mãos amarradas. São instruídos a ficar sóbrios ou enfrentar espancamentos”, escreve Dana sobre essa reportagem.
Os portfólios vencedores de Yam e Addario, juntamente com dezenas de outros trabalhos premiados, são apresentados em um livro de 200 páginas, disponível diretamente no NPPA (http://www.nppa.org).