10-2019
Boas alternativas ao Photoshop CC
![O modelo de negócio baseado em assinatura mensal da Adobe abriu espaço para alternativas com pagamento único](https://fotografemelhor.com.br/wp-content/uploads/2019/10/baixa_Abre_1_shutterstock_761460970-1024x718.jpg)
O modelo de negócio baseado em assinatura mensal da Adobe abriu espaço para alternativas com pagamento único
Programas como Affinity Photo e Pixelmator Pro oferecem recursos avançados para concorrer com o monopólio da Adobe na edição de imagens. Avalie prós e contras
Por Diego Meneghetti
Quando a Adobe anunciou que encerraria a venda individual de seus softwares em favor de assinaturas da Creative Cloud, ainda em 2013, empresas de desenvolvimento receberam essa notícia como um estímulo para aprimorar os próprios softwares a fim de acolher o público que não aprovava o novo modelo de negócio da dona do Photoshop. Nos últimos anos, softwares como Affinity Photo, da Serif, e Pixelmator Pro, da empresa homônima, ganharam destaque e muitos usuários satisfeitos, pois têm oferecido recursos de edição avançados a um preço acessível, pago apenas uma vez. Nenhum deles cumpre todas as funções que o Photoshop CC oferece atualmente – o qual abrange fotógrafos, designers, ilustradores e outros criativos –, e também passam distante da catalogação feita pelo Lightroom Classic CC. Contudo, as promessas dos desenvolvedores é que novos recursos sejam adicionados com o tempo, incluindo sistemas de catálogo.
No lado do Photoshop CC, uma das principais críticas de usuários da Creative Cloud é que se desejarem parar de assinar o serviço, os arquivos proprietários (como o .psd) nem sempre são compatíveis com versões autônomas anteriores. Nesse ponto, os softwares alternativos fazem um bom trabalho ao oferecerem essa compatibilidade – ponto de partida de muitos softwares que funcionam de maneira simbiótica com a Adobe, alguns até em formato de plugins.
A Adobe encerrou definitivamente a venda do Photoshop de maneira autônoma em janeiro de 2017, na versão CS6. O último sobrevivente na versão standalone foi o Lightroom CS6, com o update 6.14 lançado em dezembro de 2017 – o problema de o fotógrafo usar versões antigas como essa é a possível incompatibilidade com arquivos RAW de câmeras recentes, lançadas a partir de 2018, como as novas mirrorless de Canon, Nikon e Sony. Nesse caso, se quiser manter o uso do software antigo, a solução é converter o RAW das novas câmeras para o padrão DNG, por meio do Adobe Digital Negative Converter, programa gratuito disponível em https://adobe.ly/2xwOtzU.
Para cobrir essa lacuna criada pela Adobe para os usuários, Fotografe garimpou as principais alternativas ao Photoshop (veja tabela comparativa) e avaliou as duas mais acessíveis atualmente. Veja, a seguir, a análise delas.
Affinity Photo
Desenvolvido pela Serif, o Affinity Photo chama a atenção pelo preço acessível, US$ 50, pago uma única vez – as atualizações são gratuitas, mas a segunda versão deve vir com um preço adicional para upgrade. Na versão como aplicativo para iPad, o preço é de US$ 20.
O software faz parte de uma família de programas que inclui o Affinity Designer (alternativa ao Adobe Illustrator) e o Affinity Publisher (semelhante ao InDesign), todos desenvolvidos pensando no usuário já acostumado à suíte da Adobe, mas que não deseja pagar uma assinatura.
Disponível para computadores que rodam Windows ou macOS, o Affinity Photo está na versão 1.6.7 (a mais recente disponível até o fechamento desta edição), o que mostra sua juventude se comparado ao decano Photoshop. Por conta disso, há diversas áreas em que o software da Adobe se sobressai, como nos recursos em 3D, mas os passos do novato até agora são bem positivos – a começar pela compatibilidade ampla com arquivos .psd (incluindo formatos .psb e .abr, de pincéis), reconhecendo inclusive as camadas criadas no Photoshop (porém, sem possibilidade de reajustar o que foi feito originalmente).
O Affinity Photo, contudo, trabalha com um formato de arquivo proprietário, com extensão .afphoto, e é bem mais orientado para fotógrafos do que para designers: a janela do arquivo, por exemplo, já exibe algumas informações de EXIF. Por padrão, ele oferece ajuste de perfis de cor em formatos RGB (até 32 bits), CMYK, LAB e tons de cinza, com importação de perfis ICC.
![Interface geral do Affinity Photo, na persona Foto, com barra de ferramentas na esquerda e painéis de ajuste na direita](https://fotografemelhor.com.br/wp-content/uploads/2019/10/2_Abre_Persona-foto-copy-1024x625.jpg)
Interface geral do Affinity Photo, na persona Foto, com barra de ferramentas na esquerda e painéis de ajuste na direita
Recursos
Alguns recursos pouco comuns para o fotógrafo se destacam no Affinity Photo, como o Waveform (Escopo) e arquivos LUT (Look up table), conhecidos do pessoal de vídeo e que funcionam, respectivamente, para avaliar distribuição de luminância e matiz, e para criar um estilo de tratamento de imagem (os formatos compatíveis são .cube, .3dl, .csp e .look). Por outro lado, fazem falta recursos para catalogação, ingestão de informações e edição em lote (para realizar um DAM, Digital Asset Management, na sigla em inglês), a exemplo do que seria o Lightroom.
Assim, embora seja direcionado ao fotógrafo, o Affinity Photo deixa o gerenciamento de catálogos de fora. O programa também não é compatível com arquivos sidecar, com tratamentos de RAW armazenados em formato .xml ou .dng, o que pode inviabilizar seu uso caso o fotógrafo tenha muitas fotos processadas nesse padrão.
Durante o uso, o software é simples de ser entendido. A interface é bem parecida com a do Photoshop, com barra de ferramentas à esquerda e painéis de ajuste à direita, o que deixa a curva de aprendizado mais suave ao público acostumado à Adobe. A peculiaridade é o funcionamento baseado em interfaces de trabalho chamadas “personas”, orientadas para diferentes recursos, como as abas do Lightroom. Nele, estão disponíveis as personas Foto (a de edição bitmap), Dissolver (como o famoso filtro do Photoshop), Revelar (análogo ao Camera RAW), Mapeamento de Tons (ideal para imagens HDR, com opção de tratamento via presets) e Exportação.
A persona Foto utiliza o conhecido sistema de camadas, incluindo camadas de ajuste para edições não destrutivas, além de máscaras, pincéis, ajustes de tons, entre outros. Na função Seleção, o software faz um belo trabalho, oferecendo as opções mais comuns, com pincel de seleção por cor e similaridade e um utilitário para refinar a seleção de maneira descomplicada (útil, por exemplo, para recortar fios de cabelo em retratos). Para os fotógrafos, contudo, é na persona Revelar (que interpreta arquivos RAW) que o software precisa ser mais eficaz.
![Utilitário para mesclagem de foco com opção de ampliação de profundidade de campo](https://fotografemelhor.com.br/wp-content/uploads/2019/10/3_mesclagem-de-foco-copy-1024x625.jpg)
Utilitário para mesclagem de foco com opção de ampliação de profundidade de campo
Revelação
O Affinity Photo oferece opções de revelação bem satisfatórias, mas algumas ausências são sensíveis. Ao abrir um arquivo RAW, o software já carrega a persona Revelar, na qual o fotógrafo pode fazer grande parte da edição. O processamento inicial é baseado no algoritmo da própria Serif e não tem opções para troca do perfil de revelação – nem para os perfis que a câmera utiliza, incorporados no RAW. No teste da Fotografe, o software demorou em média 5 segundos para interpretar arquivos RAW de câmeras da Canon ou da Nikon, mas gastou o dobro desse tempo para processar arquivos da Sony e quase 30 segundos para abrir um arquivo .raf, de câmeras Fujifilm.
Nessa interface, o painel “Básico” traz ajustes de exposição, contraste, claridade, saturação, proporção de branco (white balance), sombras e realces e perfis de saída; no painel “Lente” há correções de distorções, aberração cromática, franja e vinheta – o ajuste automático reconhece o perfil da lente, mas infelizmente não informa a correção feita; em “Detalhes” estão os ajustes de ruído e nitidez; já o painel “Tons” exibe os ajustes de curvas e cores – neste faz falta um mapa mais amplo de tons na conversão em preto e branco (no Photoshop há dois tons a mais), com variações separadas de HSL (matiz, saturação e luminância), como há no Lightroom.
Por último, o painel “Sobreposições” traz as camadas para ajustes em overlay básico, por pincel ou gradiente: nesse caso, o Affinity Photo fica bem atrás do Photoshop, que oferece máscaras sofisticadas de seleção por cor, luminosidade ou profundidade (quando disponível no arquivo, novidade na versão mais recente do Camera RAW).
![Filtro Luminosidade, que simula fonte de luz com posição e intensidade ajustáveis](https://fotografemelhor.com.br/wp-content/uploads/2019/10/7_filtro-luminosidade-copy-1024x626.jpg)
Filtro Luminosidade, que simula fonte de luz com posição e intensidade ajustáveis
No manual
No Affinity Photo, a remoção de manchas e olhos vermelhos fica disponível na barra de ferramentas geral, assim como botões para girar a imagem, preview de antes e depois, corte na imagem e de clipagem de tons. Na persona Revelar, todos os ajustes são feitos manualmente, pois não há um ponto de partida automático.
Após terminar a edição no arquivo RAW, basta clicar no botão “Desenvolver” para que a imagem seja convertida para bitmap e realizar outras edições de pixel. O processamento em geral é mais lento do que no Camera RAW, mas não chega a incomodar. Um aspecto negativo é que, após o desenvolvimento do RAW, o software gera uma camada em bitmap na persona Foto com o resultado do processamento e descarta todos os ajustes realizados anteriormente na persona Revelar. Não há, portanto, como voltar para refinar o processamento do RAW.
Para tratamento mais agressivo, a persona Foto também oferece o “Pincel de Restauro”, similar à ferramenta Correção do Photoshop, para excluir elementos da foto de maneira automatizada, recriando a área baseada nos pixels ao redor, com um desempenho muito bom.
A edição de arquivos RAW é compatível inclusive com os recursos de costura de fotos em pilha, como montagem de panorâmicas, HDR e mesclagem de foco. Em todos, o trabalho é satisfatório, embora um tanto lento em comparação com o Photoshop. Já a exportação de arquivos é completa, com opções nos formatos .png, .jpg, .gif, .tif, .psd, .pdf, .svg, .eps, .exr e .hdr.
Outro destaque do Affinity Photo é a edição de fotos em ângulo de 360º por meio da opção do menu “Projeção em tempo real”. O funcionamento ocorre de maneira mais simples que no Photoshop, exemplificando o estilo do software da Serif: um programa bem acessível, com perfil profissional e que busca agradar, de maneira descomplicada, fotógrafos. Ainda há lacunas a resolver, mas os principais recursos estão presentes. Pelo valor cobrado, vale o teste.
![Interface da persona Revelar, com tela repartida de antes e depois](https://fotografemelhor.com.br/wp-content/uploads/2019/10/11_Persona-Revelar-copy-1024x627.jpg)
Interface da persona Revelar, com tela repartida de antes e depois
Pixelmator Pro
Disponível apenas para plataforma Mac, o Pixelmator Pro é uma alternativa que se aproxima da experiência do Photoshop por um preço acessível, US$ 60, em pagamento único, o que fez com que ele se tornasse destaque na App Store. O software é orientado para criativos em geral, sendo uma mistura com programa de edição vetorial, mas pode atender ao fotógrafo de maneira razoável.
Importante se atentar que, se o preço não for um problema, uma das limitações é a compatibilidade do software. Vendido apenas para plataforma Mac, a versão mais recente do Pixelmator Pro (1.2.3) exige que o computador seja compatível com a tecnologia gráfica Metal, disponível apenas para a linha Apple lançada a partir de 2012. Esse recurso, por outro lado, possibilita que o software seja mais veloz na aplicação de filtros e no processamento de imagem.
O programa usa a extensão .pxd, mas permite trabalhar com arquivos .psd, do Photoshop. Ele reconhece as camadas e possibilita seguir de onde parou no software da Adobe. A interface geral segue o estilo do macOS, minimalista e com todos os recursos localizados numa barra à direita, com as camadas e o navegador no lado esquerdo. Os botões são sensíveis ao contexto e mostram mais opções ao pressioná- -los, reproduzindo bem o “look and feel” de programas nativos do Mac.
Ao abrir um arquivo RAW, o processamento é integrado à mesma interface de edição bitmap. Os ajustes de exposição, saturação, equilíbrio de branco, curvas, HSL estão presentes, mas os parâmetros são relativos ao pixel, e não à informação RAW – o equilíbrio de branco, por exemplo, é ajustado em porcentagem, em vez de Kelvin; assim como a exposição, que não traz os pontos EV. Na prática, é como um tratamento de JPEG, em vez de RAW. Mas boa parte dos recursos comuns de uma edição de foto está presente: histograma, cor seletiva, níveis, curvas, misturador de canais, nitidez, granulado, entre outros – incluindo opção de ajuste automático e presets. Infelizmente, o software não oferece recurso de redução de ruído na imagem.
![nterface geral do Pixelmator Pro, com painéis e ajustes à direita da tela](https://fotografemelhor.com.br/wp-content/uploads/2019/10/16_interface-geral-1024x627.png)
nterface geral do Pixelmator Pro, com painéis e ajustes à direita da tela
Comparado à experiência do fotógrafo no Photoshop, outro aspecto negativo do Pixelmator Pro é a ausência de camadas de ajuste. Todo o tratamento é feito direto na camada bitmap, o que não possibilita uma edição não destrutiva. Também faz falta a mesclagem de camadas, para um tratamento mais sofisticado.
Por outro lado, o Pixelmator Pro oferece vários ajustes para conversão para preto e branco, com oito tons de cor e controles separados de matiz, saturação e brilho para cada cor. Nesse aspecto ele possibilita um trabalho mais refinado que no Affinity Photo. A ferramenta de seleção também funciona bem e oferece um preview bem útil das áreas que serão selecionadas.
Na tela de exportação de arquivos, a saída pode ser feita em formatos .heif, .jpeg, .png, .tiff, .pxd, .psd, .pdf, .gif, .bmp e .svg. O software trabalha com todos os perfis de cor instalados na máquina, inclusive com ProPhoto RGB – embora apenas em 16 bits.
O Pixelmator Pro também não oferece um sistema de catálogo nem é compatível com arquivos sidecar, com tratamentos de RAW armazenados em formato .xml ou .dng, o que pode ser um ponto decisivo na decisão de compra.
![Ferramentas de edição do Pixelmator Pro, com ajustes automáticos (ML Enhance)](https://fotografemelhor.com.br/wp-content/uploads/2019/10/17_ferramentas-de-edição-1024x627.png)
Ferramentas de edição do Pixelmator Pro, com ajustes automáticos (ML Enhance)
![Ferramenta de seleção de pixels, com máscara de preview](https://fotografemelhor.com.br/wp-content/uploads/2019/10/18_ferramenta-de-selecao-1024x628.png)
Ferramenta de seleção de pixels, com máscara de preview
![Softwares concorrentes da Abobe](https://fotografemelhor.com.br/wp-content/uploads/2019/10/Tabela_Sem-Título-1-1024x487.jpg)
Softwares concorrentes da Abobe
Matéria publicada originalmente em Fotografe Melhor 267