A fotógrafa Thelma Gatuzzo foi a vencedora da categoria Foto Única da Convocatória Portfólio em Foco 2023, concurso ligado à décima nona edição do Festival Internacional de Fotografia Paraty em Foco, realizada de 13 a 17 de setembro na famosa cidade histórica do litoral sul fluminense. Thelma (@thelmag) obteve o primeiro lugar com um trabalho em P&B denominado “Casulo”, que faz parte de imagens produzidas em um grupo de estudo do mestre Gal Oppido chamado “Luz marginal à procura de um corpo vago”.

A imagem “Casulo”, de Thelma Gatuzzo, é inspirada no artista espanhol Francisco de Goya

Thelma Gatuzzo, que se dedica mais à fotografia de natureza, conta que criou a imagem com uma modelo no estúdio de Oppido especificamente num momento em que os integrantes estudavam o trabalho do artista espanhol Francisco de Goya (1746-1828) – que teve parte sua obra confiscada pela Inquisição Espanhola por julgá-la “obscena”. A foto de Thelma mostra uma mulher nua, sentada e envolta em um tecido que marca seu corpo. Advogada e fotógrafa formada na Panamericana e pós-graduada na FAAP, ela diz que vem desenvolvendo um trabalho autoral e que a imagem vencedora também pode ter um sentido de aprisionamento da mulher em meio a uma sociedade que impõe padrões de beleza.

O segundo lugar na categoria Foto Única da Convocatória Portfólio em Foco 2023 ficou com o fotógrafo carioca Joaquim Nabuco (@joaquimnabuco_photography), que captou também em P&B e na contraluz uma cena comum nas praias da cidade do Rio de Janeiro: pessoas praticando “altinha”, uma atividade esportiva popular e já tradicional na capital fluminense  em que o objetivo é manter uma bola de futebol no ar sem o uso das mãos, só com toque dos pés e da cabeça. Nabuco, aliás, lançou em Paraty o livro “Geometria Carioca”, em que reúne imagens em P&B de cenas do cotidiano (como a foto premiada) e paisagens da Cidade Maravilhosa.

Prática de “altinha” na Praia do Leblon, no Rio, com o Morro Dois Irmãos ao fundo

O terceiro lugar coube a Carlos Ferreira, o Carl Pop (@carlpop1234), paraibano radicado em São Paulo (SP), funcionário público e fotógrafo diletante que se dedica a imagens de arquitetura, de grafismos urbanos e cenas de rua, tudo sempre em P&B com filme, como nos velhos tempos. O inusitado flagrante, batizado de “Com a morte na alma”, foi realizado na rodoviária de Jaú (SP), quando o fotógrafo fazia imagens arquitetônicas do local. A fotografia, no mais puro espírito da street photography, leva a uma reflexão sobre o envelhecimento e a implacável passagem do tempo.

Flagrante captado na rodoviária de Jaú (SP) que remete à inexorável passagem do tempo

Outras sete imagens foram escolhidas como finalistas pelo júri e tiveram uma menção honrosa. Os autores dessas fotos foram: James Conway (pesar do nome, ele é de Santos/SP), Felipe Mandarino, Paulo Rapoport, Maurício Maia, Iza Foz, Dora de Barros e Sebastien Vaucher (da Suíça).

A Comissão Julgadora foi formada por André Cypriano (Nova York), Antonello Veneri (Itália), Luiz Carvalho (Portugal), Marcos Varanda (São Paulo), Mike Steel (Reino Unido), Mili Sánches (Espanha), Roberto Cecato (São Paulo), Sérgio Branco (São Paulo), Sonia Figueiredo (Recife), Yara Schreiber (São Paulo) e Wania Corredo (Rio de Janeiro).

Cadê a bola? Futebol envolto em neblina em imagem registrada por James Conway

Cena de rua captada por Paulo Rapoport num mercado de Katmandu, Nepal, durante uma expedição fotográfica

Imagem registrada por Felipe Mandarino em uma estação em Londres, Inglaterra, durante uma viagem

A obra “Anadia”, feita pela fotógrafa Iza Foz, é um retrato em P&B captado de um ângulo incomum

A fotógrafa Dora de Barros fez uma produção que dialoga com surrealismo na obra “Anacrônia”

O fotógrafo suíço Sebastien Voucher foi um dos finalistas com a obra “Reckless Traveller” (Viajante Imprudente, em tradução livre)