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08-2023

FotoRio comemora 20 anos de criação com seis grandes exposições no CCJF do Rio

Um dos principais eventos brasileiros de arte fotográfica, o FotoRio 2023 será aberto no dia 26 de agosto para celebrar 20 anos de sua criação, tendo como principal idealizador e realizador o antropólogo, fotógrafo, curador, pesquisador e professor de fotografia Milton Guran. Com uma programação que vai até 15 de outubro de 2023, o evento tem como sede principal o Centro Cultural Justiça Federal (CCJF), na cidade do Rio de janeiro, que abriga seis importantes exposições.

Uma das imagens da exposição “Ponte sobre Abismos”, da brasileira Aline Motta

Das seis mostras, quatro são de artistas estrangeiros e duas de artistas nacionais: da consagrada Aline Motta, de Niterói (RJ), artista visual que constrói uma produção com base autobiográfica mas que, ao mesmo tempo, dialoga com a história coletiva da formação social brasileira, e dadupla Masina Pinheiro, do Rio, eGal Cipreste, de São Gonçalo (RJ), artistas interdisciplinares trans não-binárias que transitam por fotografia-escultura, cinema, educação e música.

Todas as exposições têm em comum as abordagens de temas socialmente relevantes, como o racismo, a escravidão, a decolonialidade, o feminicídio, entre outros, e contam com um QCode que dá ao público acesso a comentários e textos sobre o trabalho exposto (além de uma audiodescrição). No dia 26, na abertura no CCJF, a partir das 16h, as artistas Belinda Kazeem-Kaminski (Áustria), Camille Ghardi (França), Masina Pinheiro, Gal Cipreste e as curadoras Erika Tambke, Ioana Mello e Marina S. Alves farão uma visita comentada, com tradução em português e em libras.

Cena do trabalho “Exumação em conversa”, da áustríaca Belinda Kazeem-Kaminski

A programação de exposições no CCJF está assim dividida: na Galeria A1, “Exumação em conversa”, um vídeo de 13 minutos da austríaca Belinda Kazeem-Kaminski que pensa a negritude quando o colonialismo raramente é discutido e a história negra é mantida fora dos livros escolares; na qual os negros são “presos em um estado de extrema visibilidade e extrema invisibilidade”. A artista parte da pesquisa que Paul Schebesta, missionário e etnólogo austro-tcheco (1887-1967), realizou no antigo Congo Belga (atual República Democrática do Congo) no início do século 20.

Na Galeria B1, a exposição “Nenhum poder de pedra que estanque o jorro das gotas sedentas por ver o sol” é composta por 15 imagens de diferentes formatos, resultado de um trabalho colaborativo em desenvolvimento desde 2019, entre Masina Pinheiro e Gal Cipresteem diálogo com o estilista Guto Carvalhoneto. A partir de suas experiências pessoais, elas usam diferentes linguagens, mídias e colaborações para refletir sobre a existência de pessoas LGBTQIA+ que navegam entre gêneros. A série foi finalista do prêmio Louis Roederer Discovery Award no Les Rencontres d’Arles 2022e vencedora do 11º Prix Photo Aliança Francesa 2022.

Masina Pinheiro e Gal Cipreste mostram a premiada série “Nenhum poder de pedra que estanque o jorro das gotas sedentas por ver o sol”

Na Galeria C1, a mostra “Mato adentro” apresenta 30 imagens em um recorte da extensa documentação sobre o interior da Colômbia, produzida pelo fotógrafo colombiano Federico Rios Escobar, a partir de longas e recorrentes incursões a diferentes regiões do país. Inicialmente com foco na questão do conflito armado, as viagens o levaram a observar outros temas, como a dificuldade de conexão e transporte fora dos grandes centros urbanos, a questão do meio ambiente e as relações de gênero nesses espaços em disputa.

O fotojornalista colombiano Federico Rios Escobar exibe seu trabalho “Mato adentro”

Na Galeria D1, “Peixe Grande” é um trabalho autobiográfico do iraniano Morteza Niknahad sobre a depressão da sua mãe. Como é a vida de uma família quando a matriarca vive anos em depressão? O artista retrata a invisibilidade dessa história por meio da sua própria vivência, arquivos familiares e diálogos. Os retratos posados, escuros, de uma família marcada por mais de 20 anos de depressão, são ainda mais distorcidos pela presença eminente de um peixe. O “monstro” está ferido e domesticado, mas continua presente entre a mãe e os membros da família, criando uma distância e uma estranheza.

O iraniano Morteza Niknahad exibe “Peixe Grande”, sobre a depressão de sua mãe

Na Galeria E1, Aline Motta apresenta “Pontes sobre Abismos”, projeto sobre a família da autora, mas poderia ser sobre a família de qualquer pessoa. Nele, Aline estabelece pontes para atravessar abismos: de palavras e imagens, de busca por entendimento ou pontes sobre o Atlântico, ao encontro de gerações passadas e das suas raízes africanas.

Na Galeria F1, a exposição “De frente”, da artista francesaCamille Gharbi, analisa a violência doméstica por meio de sua expressão mais extrema: o feminicídio conjugal. Para dar conta da complexidade do tema, ela opta por se distanciar de imagens espetaculares e mostra que objetos corriqueiros, pessoas comuns e lugares ordinários que transbordam além do significado imagético.

A violência doméstica é tratada em “De frente”, da artista francesaCamille Gharbi

Serviço: FotoRio 20 anos

Abertura: sábado, 26 de agosto às 15h, no Centro Cultural Justiça Federal, Av. Rio Branco, 241, centro, Rio de Janeiro (RJ), com visita comentada por artistas e curadores. Período de exposição: de 26 de agosto a 15 de outubro, de terça-feira a domingo, das 11h às 19h.

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