12-2019
Nu e sensualidade
Conheça cinco projetos que tratam de visões bem diferentes para ensaios no segmento e saiba mais sobre processo criativo, iluminação e direção
Por Lívia Capeli
A fotografia de nu e sensualidade é um dos gêneros mais recorrentes entre grandes fotógrafos, herança que vem da arte clássica grega, em que homens e mulheres eram esculpidos em mármore, e da fase renascentista da pintura, base para estudos da anatomia. Há várias formas de abordar o tema, como poderá ser conferido nos cinco projetos selecionados por Fotografe, com obras dos brasileiros Junior Luz, Douglas Pinheiro, Fernando Schlaepfer e Vildnei Andrade e da colombiana Melissa Cartagena. São profissionais que seguem vertentes diferentes de linguagem, porém com um único propósito em comum: fotografar a nudez e a sensualidade.
Em cada projeto há objetivos e caminhos bem distintos, entretanto, todos os cinco compartilham de um mesmo raciocínio em alguns temas. Um deles é sobre o contato com a modelo: é preciso ser cuidadoso na hora de dirigir a cena, evitar tocar na pessoa e saber como deixá-la à vontade de maneira profissional e ética.
Os cinco também concordam em outro ponto: a fotografia de nu e sensualidade precisa ter uma relação de confiança e segurança entre os dois lados, e isso fica evidente no resultado final. Confira nas páginas seguintes o trabalho dos cinco especialistas, veja como cada um trabalha e confira dicas de luz, direção e processo criativo.
JUNIOR LUZ
Transformar a fotografia de nu e sensualidade em um processo de arte é o projeto de Junior Luz, que se compromete com a liberdade criativa para oferecer ensaios às mulheres que buscam um trabalho que fuja do lugar-comum e desejam ser vistas como parte de uma obra artística.
É a companheira Michelle Cordeiro, artista plástica, produtora e grande incentivadora do fotógrafo goiano, quem idealiza a maquiagem, os figurinos e os cenários planejados por ele. Normalmente, tanto os ensaios para clientes quanto os projetos autorais feitos pelo casal têm um custo mínimo de dinheiro. São uma maneira de mostrar para as pessoas que é possível produzir imagens ousadas com muito pouco. Basta ser criativo.
Eles tiram proveito de tudo, de folhas secas do quintal de casa a pedaços de tecidos ao vento. Junior Luz também tem muita atração por cores, texturas e o efeito obtido com luz e máquina de fumaça. “O objetivo é criar uma atmosfera de fantasia em cenários surreais para a mulher se ver mesmo de uma maneira diferente, onde ela deseja ser uma fada, uma sereia ou uma princesa, mas sem clichês”, explica ele.
A natureza como plano de fundo
Hoje vivendo em uma casa de frente para o mar em Florianópolis (SC), o goiano diz que o contato maior com a natureza o ajuda a desenvolver de maneira mais clara a ideia para os ensaios. Em 90% dos casos as sessões são externas, buscando sempre cenários exóticos, em meio a areia, água do mar e vegetação rasteira, usando as paisagens naturais como plano de fundo.
A luz natural é a maior aliada do fotógrafo, que usa apenas um rebatedor quando necessário. Ele também gosta, entretanto, de criar tons coloridos nas produções, por isso recorre a lanternas simples e um bastão de LED de três cores RGB. E, na hora de fotografar, tem em mãos duas DSLRs Canon, a EOS 1DX Mark II e a EOS 5D Mark II. Prefere lentes luminosas e também tem incluído um drone nas capturas para conseguir ângulos diferentes.
A pós-produção é feita no Lightroom e Photoshop; e Junior Luz garante que não faz manipulação de imagens: “a fotografia que produzo na hora do clique tem esse aspecto surreal mesmo, e muita gente acha que é manipulação de Photoshop. O que faço é potencializar a luz e as cores. Nem mesmo exagero na pele, pois não gosto daquele aspecto emborrachado. Gosto também de usar alguns aplicativos de efeito como o Pix Art e até o popular Snapchat”, conta.
O truque do fotógrafo para deixar as modelos à vontade é bem simples: a cliente precisa ter confiança no profissional. O contato começa pelas redes sociais e passa para o WhatsApp: “gosto que as pessoas escutem minha voz, então faço áudios, pois acredito que isso proporciona mais segurança, já que a voz traz sentimentos. Depois o processo se intensifica ao vivo. Na hora de dirigir, crio uma ação para que ela possa desenvolver, tipo: ‘‘vem vindo para cá como se ninguém estivesse olhando você, coisas assim”, explica ele, que tem como referências os americanos David LaChapelle e Annie Leibovitz. Diz que estudar sobre cinema ajuda bastante no processo criativo. Por isso, ao lado da companheira Michelle, assiste a até três filmes e documentários por dia.
Quem é ele
José Luiz Guimarães Junior no documento de identidade tem 37 anos e incorporou o Luz como nome artístico. Ele fotografa há cerca de nove anos e diz ser um domador e encantador da luz, a matéria-prima que produz a magia com ingredientes básicos da fotografia: técnica, criatividade e ousadia. Para divulgar o trabalho, o goiano usa o Instagram (@jrluzfotografia) como força principal. Porém, sites de fotografia de várias partes do mundo recebem as imagens de Junior Luz, o que ajuda bastante na visibilidade e na comercialização de imagens como obras de arte. Para saber mais, acesse: www.jrluz.art.
DOUGLAS PINHEIRO
Tentar reproduzir na fotografia a atmosfera de intimidade e conforto de um quarto, usando a luz de janela como aliada, é o projeto de Douglas Pinheiro ao prestar serviços a mulheres que buscam um ensaio sensual. Para deixar o ambiente em clima caseiro e também não sobrecarregar o orçamento, o fotógrafo fluminense decidiu usar a própria casa como estúdio: “a ideia inicial era a de fotografar na casa de cada cliente, mas percebi que isso não aconteceria, pois elas sempre diziam que moravam com muita gente ou com pais, irmãos, mãe…”, explica.
A vantagem de usar a própria residência é que Douglas está habituado com a luz natural que ilumina o ambiente e aprendeu a posicionar as mulheres nos pontos estratégicos, onde a iluminação faz o melhor desenho no corpo delas. Assim, normalmente as imagens são feitas bem próximas das janelas do apartamento, com luz direta, alternando à vezes com uma cortina para difundir a iluminação.
Fora isso, Douglas também gosta de misturar a luz de janela com a de uma luminária ou um abajur, que contribui para aquecer a temperatura de cor e favorecer a interatividade na hora da direção da modelo. Usa ainda um espelho para rebater a luz em alguns casos.
O desafio de deixar a mulher à vontade
Fazer a cliente tirar a roupa e deixá- -la à vontade diante de uma câmera que tem por trás um desconhecido não é tarefa fácil, mas Douglas Pinheiro afirma que uma conversa prévia sempre ajuda. As estratégias ainda envolvem alguns truques simples como pedir para que a cliente não olhe diretamente para ele enquanto posa, e realize movimentos delicados e suaves durante os registros. “Dou alguns comandos, como pedir para elas prenderem o cabelo, se espreguiçarem ou simplesmente olharem pela janela. Em alguns momentos, também peço pra elas fecharem os olhos ou darem uma gargalhada. São coisas que quase sempre funcionam”, ensina ele.
A música também contribui bastante para criar o clima intimista projetado pelo fotógrafo. Segurar objetos, como uma caneca, ou brincar com os bichinhos de estimação da casa são estímulos proveitosos tanto para a direção quanto para a narrativa do trabalho. E, quando nada mais funciona, Douglas ainda tenta mostrar como deseja uma pose, usando o próprio corpo como referência. Ele afirma que funciona na maioria das vezes.
Para realizar os ensaios, usa a Nikon D7000 com uma lente 35 mm f/1.8. A
pós-produção é feita primeiramente no Lightroom e depois os ajustes finos no Photoshop, como o de remover manchas, marcas, cicatrizes e até alguns ajustes de medidas, além de correção de luz e cortes. Já a divulgação do trabalho é via redes sociais, além do bom e velho boca a boca. Segundo ele, logo após fotografar alguém, acaba vindo a amiga, a prima e a vizinha procurá-lo. Basta a primeira ter coragem que logo abre caminho para outras entrarem em contato. Nem todas fecham, algumas querem esperar o resultado de uma dieta, já outras anseiam por fazer uma tatuagem antes de fazer o ensaio. “É um negócio que tem a ver com autoconfiança e autoestima. Precisa ter paciência e não pode forçar a barra jamais”, ensina.
Os ensaios oferecidos por ele são para mulheres de todos os tipos de corpos e idades. No começo, eram clientes entre 20 e 30 anos, mas ele percebeu que de uns tempos para cá o perfil de cliente tem mudado bastante. “As de quarenta e até as de sessenta têm me procurado. Isso me deixa muito feliz, pois de certa forma interpreto como credibilidade conquistada. Tendo em vista que muitas pessoas ainda têm receio, dúvida e medo em posar para esse tipo de ensaio, essa resposta positiva é sinal de confiança no meu trabalho”, avalia ele.
Quem é ele
Morador de Niterói (RJ), Douglas Pinheiro tem 41 anos. Ainda na época do filme, em 1996, ele fez um curso na Sociedade Fluminense de Fotografia e trabalhou durante sete anos em laboratório fotográfico. Depois disso, acabou ingressando no mercado imobiliário e atuou durante oito anos como corretor de imóveis. Com a crise, em 2015, Douglas retornou ao mercado fotográfico e desde então se dedica somente a esse segmento, tendo se especializado em ensaios sensuais. Para conhecer mais, acesse o Instagram dele:
@douglaspinheirofotografia.
VILDNEI ANDRADE
Reunir sensualidade do corpo feminino, natureza e P&B em um mesmo espaço é o projeto de Vildnei Andrade, que pretende reunir seus ensaios de fine art em um livro futuramente. Ele tem como marca registrada a fotografia de nudez em locações “exóticas”, e foi como advogado focado na área agrícola que conheceu fazendas em todo o interior do Estado de São Paulo, cenário perfeito para os ensaios. De fazendas centenárias desabitadas a estações de trens abandonadas, Vildnei tira proveito dos elementos cenográficos que encontra, como pedreiras, extratores de areia, campos e pastos.
Apesar da beleza proporcionada para a fotografia de nu, as locações usadas por ele têm seus perigos. É comum encontrar de abelhas a escorpiões e cobras venenosas. O resultado do trabalho é ótimo, mas são muitos perrengues vividos pelo fotógrafo.
“Já teve caso de a modelo deitar pelada em cima de formigueiro e não me contar nada, e quando se levantou estava parecendo um laranja azeda de tanto caroço nas costas. Outro caso é ataque de abelhas. Uma vez uma entrou nos cabelos da modelo. Ela saiu desesperada correndo pelada por uma estação abandonada e foi pega em flagrante pelos trabalhadores que capinavam ali por perto”, conta ele.
Ele leva duas DSLRs Canon para os ensaios, a EOS 60D e a EOS 7D, e fotografa com a ajuda de um tripé, pois na maioria das vezes prefere ajustar velocidade baixa e aberturas acima de f/5.6 – isso faz o ajuda a fotografar com ISO baixo, sem que haja ruído digital nas imagens. O conjunto de lentes adotado por ele são a 50 mm f/1.8, a 85 mm f/1.8, a 18-135 mm f/5.6 e, para alguns desfoques, uma 75-300 mm f/ 5.6.
Tirar proveito da luz natural
Como não há energia elétrica no mato, a luz do sol é a maior aliada do fotógrafo, que raramente usa um rebatedor para preencher sombras acentuadas. Um aparelho que transforma os 12V da bateria do carro em 110V é a única fonte de energia para ligar um ventilador que serve para dar movimento ao cabelo da modelo.
E quem se atreve a fotografar em meio à natureza tem sempre a o vaivém das nuvens, o que pode deixar a iluminação comprometida. Em casos assim, Vildnei recorre ao Lightroom apenas para ajustar a luz e corrigir os tons. A pós-produção dele é mais voltada à conversão para o P&B. Ele fotografa em RAW e depois trabalha o arquivo no Photoshop.
A direção de cena começa com um bom bate-papo com a modelo e passa por comandos bem claros e pontuais. Nada de laconismos e palavras dúbias. Ele explica que uma regra não pode ser mudada nem esquecida: jamais tocar na modelo. Qualquer coisa que tenha que ser feita em relação a tocar na pessoa deve ser feita por alguém exclusivamente escolhida e treinada para isso, ou seja, um trabalho a ser feito por outra mulher.
“A maneira de falar com a modelo deve ser séria, direta e objetiva, mas sem parecer um general comandando a tropa. Seja claro e pontual. Uma palavra mal expressada pode acabar com a sessão. Use vocabulário coloquial, nada de tecnicalidade e exibicionismos”, ensina o fotógrafo.
Ele explica que em muitos casos a modelo está fazendo a sessão para se ver mais sexy e atraente, e isso pode significar que ela está com baixa autoestima. “Evite que ela se lembre disso, vá na direção contrária. Faça pequenos elogios, mas com calma para não parecer falso”, recomenda. As mulheres fotografadas podem ser clientes que o contratram ou amigas que colaboram com seu trabalho autoral.
Na hora de divulgar seus trabalhos, Vildnei Andrade usa a internet e algumas revistas internacionais. Ele diz que já teve problemas com suas fotos nas redes sociais, pois esbarrou em dificuldades, como bloqueios de conta devido ao conteúdo ou denúncia de alguns usuários menos tolerantes à arte, que consideraram as publicações dele ofensivas.
Quem é ele
Morador de Pirassununga, interior de São Paulo, Vildnei Andrade, 58 anos, abandonou a carreira de advogado para se dedicar à fotografia. Ele produz tanto ensaios para clientes quanto projetos autorais de nu fine art. Ele mesmo é o produtor e arca com todos os custos e despesas. Além disso, os trabalhos autorais são usados em exposições e já foram publicados em doze revistas estrangeiras dos Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, Itália, França, Austrália e Índia. Para conhecer mais sobre o trabalho dele, acesse: www.vildneifotografias.wixsite.com.
MELISSA CARTAGENA
A ideia de fotografar mulheres nuas começou aos 14 anos. Com um projeto autoral intitulado de Dócil, a colombiana já chegou à marca de mil imagens sensuais de mulheres. O foco do trabalho é construir ensaios sensuais usando na receita muita luz ambiente, um toque de produção de cena e todo o poder das histórias de vida de garotas reais.
As escolhas dos cenários são o ponto de partida de Melissa, que cuida pessoalmente da composição dos adereços e da combinação deles com as locações. Nas fotos que produz, preza pela direção de arte. Cada elemento é inserido na cena com o objetivo de criar uma história para o ensaio. Um telefone retrô, por exemplo, pode ser a chave para a direção de cena e ajudar a criar a narrativa.
As redes sociais têm sido uma ferramenta de trabalho importante para difundir as ideias de Melissa, que gosta sempre de postar fotos com legendas de frases e ideias impactantes. A audiência da conta no Instagram a permitiu expor o trabalho autoral, além de ajudá-la a se conectar com pessoas diferentes de diversas regiões do mundo e compartilhar sua arte.
Já a escolha das musas para o projeto autoral se baseia principalmente na história de vida delas e do poder que cada uma tem. Muitas vêm de longe ou a colombiana se desloca de região ou país, em um esforço para garantir a melhor história.
Para quem quer seguir na área, a sugestão da colombiana de 25 anos de idade é estudar bastante história da arte, nunca desistir dos sonhos e não ter medo de experimentar. “Busque seu caminho, pois a vida é completa e você nunca vai estar errado, só estará seguindo seu coração. Obrigada pelos otimistas que me motivaram e pelos pessimistas que me ajudaram a provar que posso ser capaz”, declara ela.
Uso de filme é o diferencial
Melissa diz que sua iluminação depende muito da locação, do estilo de produção de cena e da decoração. Flash e luz contínua são opções muito utilizadas por ela, mas a luz natural é a favorita. “O objetivo é buscar algo suave e homogêneo, emitindo naturalidade e intimidade”, diz.
A experiência com o uso de câmeras de filme é outro ponto entusiasmante do trabalho da fotógrafa, que não quis revelar qual o modelo de câmera adotado, mas foi possível descobri que ela usa bastante o filme colorido 35 mm Kodak Portra de ISO 400 e 800 – recurso que assegura o resultado retrô e com a autêntica granulação saudosista da era analógica da fotografia. Ela conta que também faz ensaios com a DSLR Nikon D7200.
Enquadramentos e cortes ousados marcam o estilo de Melissa Cartagena, que tem uma linguagem fashion muito presente nos trabalhos de nu e sensualidade que produz. Além da influência proveniente do contato que teve com o mundo editorial e campanhas de moda, uma das grandes inspirações vem da mãe dela, que é apaixonada pelo universo da moda.
Quem é ela
Melissa Cartagena é de Medellín, na Colômbia, conhecida no Instagram como @perazna (somava 331 mil seguidores até o fechamento desta edição). Com DNA profissional que une fotografia e direção de arte, a jovem colombiana de 25 anos é graduada em direção de cinema. E, além do projeto autoral, trabalha para editoriais de revistas e campanhas de moda. O projeto autoral com mulheres reais é dedicado à mãe e às tias de Melissa. Para saber mais sobre a fotógrafa, acesse: www.melissacartagena.co.
FERNANDO SCHLAEPFER
Durante 365 dias ininterruptos o carioca Fernando Schlaepfer publicou fotos de pessoas nuas em um projeto que tinha como objetivo romper tabus e quebrar padrões estéticos. Era 9 de abril de 2015, dia do aniversário dele, quando a iniciativa foi lançada no site www.365nus.com. E o primeiro retrato era do avô, um naturista, figura que inspirou e apresentou ao fotógrafo a visão libertadora de como é lidar com a nudez com naturalidade.
Fernando perdeu as contas do número de vezes que foi bloqueado nas redes sociais por conteúdo impróprio, e ainda assim não desistiu da ideia de provar que a fotografia de nu vai além de mostrar órgãos sexuais em destaque. “A ideia do projeto 365 nus surgiu em um momento em que eu estava bastante atolado de trabalho no mercado da moda e andava bem cansado de ter que seguir padrões e não ter liberdade para criar. O simples fato de não precisar escolher pessoas para fotografar que atendessem a uma estética de beleza padronizada me deixava empolgado”, lembra.
O fotógrafo conta que não foi difícil encontrar modelos para colaborar com o projeto. O convite foi feito primeiro para os amigos, que aceitaram participar de prontidão. Depois que o trabalho ficou conhecido, as pessoas que já acompanhavam as publicações perceberam que era algo sério e começaram a pedir para participar também. Foram 365 pessoas diferentes, anônimas e celebridades, de diversas idades, gêneros e tipos físicos.
Pelados por todos os lados
Fernando conta que a maioria das pessoas que fotografou estava posando nua pela primeira vez, e como queria que elas se sentissem confortáveis e seguras propunha a cada uma escolher um local significativo para elas. As duas únicas exigências eram que o local permitisse o controle total da luz e que fugisse do óbvio e da zona de conforto: o quarto da casa delas, por exemplo. Foi assim que surgiram cliques em várias partes do mundo.Descobrindo cantos perdidos entre a ponte aérea Rio-São Paulo, além de Brasília, Recife, Croácia, República Checa, Espanha e EUA.
A busca por conectar o lugar às pessoas levou o fotógrafo a fotografar em desertos, no topo de montanhas, debaixo d’água e até em locais públicos, como linhas de trens, no Los Angeles River (EUA), e no elevado Costa e Silva, o Minhocão (São Paulo). “Uma vez estava fotografando em um desses locais públicos e alguém viu e chamou a polícia, que quase me prendeu por atentado ao pudor. Foi bem chato e vergonhoso. Mas no final deu tudo certo. Sugiro para quem pretende fazer isso que é melhor se cercar de cuidados e se precaver”, alerta ele.
Durante a sessão de fotos, Fernando diz que tentava ser o mais prático e natural possível. Sem levar iluminação extra, usava o que estava disponível na cena: luz do sol, luz de janela e até luz neon do ambiente. Como equipamento, usou vários recursos para experimentar e capturar os retratos, desde um smartphone iPhone 6, câmeras descartáveis de filme Kodak, analógicas Pentax K1000 e Nikon FM2, além de DSLRs como a Nikon D750 e a Canon EOS Mark II, além da rangefinder digital Leica M9.
A edição também precisou ser rápida devido ao fluxo e à proposta da postagem diária. Com isso, o Adobe Camera Raw foi o recurso mais usado quando fotografava com as digitais. As fotos não receberam nenhum tipo de retoque ou manipulação, segundo ele.
Quem é ele
Fernando Schlaepfer, 34 anos, começou aos 15 anos fotografando amigos do skate. Pouco depois, foi chamado por algumas marcas do meio para trabalhos pagos. Na faculdade de Comunicação Visual, começou uma relação mais próxima com a moda e a publicidade, onde se estabeleceu, tendo fotografado campanhas, editoriais e peças publicitárias para marcas como Adidas, Nike, Puma, Reserva, Wöllner, Warner, Skol e Gatorade. Também teve imagens autorais e editoriais publicadas em capas e matérias de importantes jornais e revistas nacionais e internacionais. Paralelamente, atua com DJ, tocando em festas e festivais. Para saber mais, acesse o Instagram dele: @anendfor.
Matéria publicada originalmente em Fotografe Melhor 273