10-2019
Luz simples e criativa para ensaios sensuais
O especialista Brasilio Wille mostra três esquemas de iluminação nada complicados para atender clientes que desejam fazer um ensaio de sensualidade. Acompanhe
Por Livia Capeli
Produzir ensaios sensuais em estúdio para mulheres que têm esse desejo pode ser um tema desafiador para alguns fotógrafos, pois envolve conhecimento em composição, iluminação, cuidados com a produção, direção e, acima de tudo, compreensão para captar o que a cliente quer, seja algo mais conservador ou mais ousado. Mestre em fotografia de modelos, o profissional Brasilio Wille preparou três produções no estúdio dele em Curitiba (PR) para mostrar como é possível realizar ensaios sensuais usando uma iluminação com flash simples mas criativa.
Nos dois primeiros esquemas, ele trabalha com apenas uma luz e, no terceiro, com duas luzes. O diferencial são os acessórios e o posicionamento dessas luzes. Ou seja, nada fora do comum e que está ao alcance de profissionais que dão seus primeiros passos em fotografia de estúdio. Confira também as dicas sobre composição, enquadramento e direção dadas pelo fotógrafo.
Luz com interferência
Alguns artifícios simples podem elevar o nível do ensaio sensual. É o caso de acrescentar interferências na iluminação para criar efeitos que proporcionam diferentes atmosferas. Esses modificadores, chamados de gobo ou cucoloris, podem ser produzidos por você a partir de cortes em placas de isopor, papel-cartão, plástico, madeira ou metal, para criar fendas de diversos formatos.
No caso do ensaio desta página, Brasilio Wille usou uma placa de isopor tamanho 1 x 1 m grossa cortada com estilete em formato de uma janela para sugerir um clima de intimidade. Perceba que na foto de making of o gobo, colocado em um tripé, foi posicionado diante de uma fonte de luz.
A iluminação usada na cena é bem simples: vem da lâmpada de modelagem do flash – a regulagem de potência da luz é a mais alta. Veja que, para direcionar melhor a luz, o fotógrafo usou um refletor parabólico acoplado ao flash. “Quanto mais distante o flash do gobo e da modelo, melhor a projeção do desenho”, explica Brasilio.
A nudez da modelo combinada com a lona rústica criou um contraste expressivo com o tecido vermelho, que serviu como artifício de direção para dar dinâmica de movimento à cena.
Iluminação superior
Pode acontecer de o fotógrafo ficar sem ideias na hora de dirigir a pose da modelo durante o ensaio sensual. A dica de Brasilio é ter sempre à mão uma pasta com imagens de referências. Muitos profissionais recorrerem a esse expediente, seja antes de preparar o ensaio ou mesmo durante a sessão.
Ele sugere que sempre que o fotógrafo encontrar uma foto interessante em revistas ou na internet deve guardar e colocar na pasta. Esse conjunto de ideias será útil tanto para ter uma concepção de luz, produção e figurino quanto para mostrar as poses à cliente. Durante o ensaio, o fotógrafo deve se lembrar de conversar com ela, tendo a percepção do que está funcionando ou não com as referências mostradas.
Na hora de iluminar, uma dica para quem tem poucos acessórios de luz é usar um único flash e potencializar a iluminação com rebatedores. Brasilio mostra nesta página exemplo de como usar um softbox de tamanho 30 x 120 cm acoplado a um flash de 300 Watts posicionado acima do corpo da modelo.
O fotógrafo explica que o softbox foi colocado a cerca de um metro e meio de distância da modelo, permitindo um equilíbrio de contraste na pele dela. Já os rebatedores, feitos com placas de isopor, ajudam a potencializar e equilibrar o degradê nos cantos da cena. “Note como a luz de cima modela as sombras e fazem o contorno do corpo, criando volume. A distância adequada de um metro e meio da fonte de luz é importante para criar esse contraste do claro com o escuro na cena”, ensina o especialista.
Cor e movimento
Vale lembrar que um ensaio sensual não é feito apenas com fotos de modelos nuas: o trabalho pode se valer tanto de poses mais atrevidas quanto mais recatadas. É importante considerar que tudo depende do desejo da cliente e do objetivo do ensaio.
Na produção vista nesta página, Brasilio brincou com as cores, colorindo a cena com filtro apropriado para fotografia (da marca Rosco). “Celofane comprado em papelaria pode ser uma opção mais acessível, entretanto, é preciso ter cuidado com esse papel, pois pega fogo facilmente quando em contato com o calor da lâmpada de modelagem do flash”, alerta.
Veja na foto de making of que o fotógrafo posicionou um flash de 300 Watts com softbox de tamanho 90 x 120 cm na lateral da modelo. Esse softbox tinha uma colmeia acoplada a ele e, diante da colmeia, foi colocado um filtro magenta. A luz colorida atingiu a modelo e o fundo, cada qual com uma diferente intensidade. E, do lado oposto ao do softbox, à frente da modelo, Brasilio usou em outro flash de 300 Watts um refletor parabólico com barndoor – no qual foi acoplado um filtro azul.
Para o fotógrafo, a diferença obtida entre o uso de luz dura (do barndoor com filtro azul) e da luz suave (do softbox com filtro magenta) oferece texturas agradáveis na pele da modelo. A dica é testar vários posicionamentos e ângulos dos flashes para conseguir que a luz crie uma linha divisória bem definida na modelo.
Durante o ensaio, vale a pena inserir movimento com a ajuda de ventilador. Um bom truque de direção é dar tecidos para a modelo interagir já que, além de compor a cena, eles são uma forma de ela se soltar durante o ensaio.
Agradecimento: Às modelos Poliany Stopa e Nicolli Rausis, ao assistente Carlo Orlando e à produtora de cena Lígia Wille
Matéria publicada originalmente em Fotografe Melhor 269