01-2018
Acusações de assédio colocam em debate a relação ética entre fotógrafo e modelo
A relação ética entre fotógrafo e modelo (homem ou mulher), principalmente em trabalhos de moda, nunca esteve tão em evidência como nos últimos meses. As acusações de assédio sexual contra Harvey Weinstein, o todo-poderoso produtor de Hollywood, forma o estopim para uma explosão de denúncias e a fotografia acabou chamuscada também: ícones da fotografia de moda, o americano Bruce Weber e peruano Mario Testino foram acusados de assédio sexual por diversos modelos masculinos, que relataram os episódios em uma entrevista divulgada no começo de 2018 ao jornal The New York Times.
Cerca de quinze rapazes que já trabalharam com Weber (entre eles modelos e ex-assistentes) contaram a imprensa que o profissional costumava usar a prática de nudez e comportamento coercitivo sexual na hora dos ensaios, aplicando uma espécie de “teste do sofá”. Já no caso de Testino, 13 modelos e ex-assistentes o acusam. Segundo eles, Testino fazia investidas explícitas, seduzindo as vítimas em quartos de hotel onde se hospedavam para realizar trabalhos.
Os dois profissionais negaram todas as acusações. “Estou completamente chocado e entristecido pelas alegações ultrajantes feitas contra mim, que nego completamente”, afirma em nota Bruce Weber. O escritório de advocacia que representa Mario Testino, a Lavely & Singer, questionou a credibilidade dos acusadores com a seguinte frase: “Falamos com vários ex-empregados que se demonstraram chocados com as alegações e que não podiam confirmá-las”.
Diante da polêmica na indústria da moda, a Condé Nast Internacional (um dos maiores grupos internacionais de edições de revistas, com sede em Nova York) atualizou o seu código de conduta direcionado à empresa, seus empregados e colaboradores. Proibiu a contratação de modelos menores de 18 anos, uso de bebidas alcoólicas e drogas nos sets. Além disso, Terry Richardson, Bruce Weber e Mario Testino foram excluídos do rol de colaboradores da Condé Nast.