04-2017
Dicas básicas para fotos de cães e gatos
Por Laurent Guerinaud
Nos dias de hoje, cachorros e gatos já fazem parte de muitas famílias. O comportamento do bicho de estimação, no ponto e vista fotográfico, é bem parecido com o de crianças: uma hora calmo e comportado, outra hora agitado, mas de modo geral, sempre imprevisível. Outra semelhança: criança, cachorro e gato são mais baixos que o fotógrafo. Por isso, a não ser que se deseje um efeito caricatural, é necessário se abaixar à altura deles para fotografá-los. O ângulo em mergulho (de cima para baixo) esmaga o tema e enfatiza o primeiro plano pelo efeito da perspectiva. O mesmo parece fraco, submetido e inferiorizado.
Da mesma maneira, quanto mais perto ficar do modelo, mais acentuada a perspectiva, o que também rende um efeito caricatural, no caso de um retrato fechado realizado com uma grande angular, por exemplo: focinho proeminente e orelhas minúsculas. Já que a perspectiva depende unicamente do ponto de vista: basta se afastar para limitar o efeito.
Por isso, uma distância focal ótima para retrato de cachorros e gatos é entre 85 mm e 105 mm para sensor full frame, o que dá entre 50 mm e 70 mm com o sensor APS-C. Com essa distâncias focais, o fotógrafo fica a boa distância para conseguir uma perspectiva suave e pouco acentuada.
Com 200 mm ou 300 mm é possível obter imagens espetaculares, típicas das teleobjetivas: planos mais longos, profundidade de campo (amplitude do plano nítido) reduzida pelo fator de ampliação maior e ângulo de visão estreito, que minimiza o plano de fundo. Todavia, quanto mais distância focal, maior o risco de a foto sair tremida: sempre use uma velocidade superior ao inverso da distância focal (por exemplo, 1/250s no mínimo para 200 mm). Essa regra, porém, só vale para compensar as trepidações da câmera na mão. Não resolve o desfoque devido ao movimento do tema.
Caso a luminosidade não permita chegar à velocidade necessária, abra mais o diafragma ou opte por um ISO maior, sabendo que aumentar a sensibilidade pode produzir ruído digital (artefatos e pontos coloridos). Você precisa conhecer bem sua câmera para saber o limite de sensibilidade que ela aguenta.
Retrato fechado
É difícil obrigar um animal a ficar imóvel para a foto. Alguns cachorros bem treinados até conseguem ficar parados por algum tempo. Mas gatos… O bicho age por instinto e assim, a maneira mais fácil de fotografá-lo é o retrato roubado. Seja paciente e ciente dos limites do equipamento – nem pense em fazer um retrato fechado do seu modelo de quatro patas se a única lente que tiver a disposição é uma grande angular.
Para os primeiros retratos do amigo cachorro ou gato, espere por um momento em que ele esteja calmo, com boa vontade para se deixar fotografar. Aplique as regras básicas de composição do retrato: deixe espaço à frente do olhar, não centralize o tema (exceto o retrato frontal muito fechado em que a cara do animal ocupe todo o quadro) e sempre meça o foco nos olhos (e não no nariz ou nas orelhas).
Opte por uma grande abertura de diafragma (pequeno valor de f/) para reduzir a profundidade de campo e destacar seu tema desfocando o fundo. Também não clique sem distinção: espere uma atitude interessante. Liberte-se dos sentimentos afetivos que o ligam ao pet e apague as imagens medianas ou com falhas. Desapegue e faça outras, é assim que se progride na fotografia.
Plano aberto
É também aconselhável quebrar a monotonia dos planos repetitivos: por mais belo que seja o animal, mostrar uma sequência de 20 fotos dele deitado, feita com tele, aborrece logo. Aproveite os passeios para fotografá-lo na rua ou no campo, como numa reportagem. Nesse caso, uma profundidade de campo mais ampla é melhor para ressaltar o ambiente. Para isso, feche mais o diafragma, mas evitando passar de f/11 ou f/18, pois a partir desses valores ocorre o fenômeno de difração, que tira a nitidez da imagem.
Para imagens em campo, a grande angular de 24 mm ou a 28 mm para full frame ou de 12 mm a 20 mm para APS-C é a melhor aliada. Ela ressalta a importância visual do ambiente e permite brincar com ângulos inusitados, como o contra-mergulho (de baixo para cima), com a câmera posicionada perto do nível do chão, que pode enfatizar o lado imponente do animal (mesmo ele pesando menos de 5 kg).
É possível também inclinar o horizonte para dinamizar a cena – a inclinação precisa ser suficiente para que o observador perceba que é proposital e não a considere como uma falha. Ou usar o efeito da perspectiva de maneira criativa. Mas tome muito cuidado com os elementos perturbadores: quanto menor a distância focal, mais coisas são incluídas no quadro e há risco de introduzir algo indesejado na composição.
Em ação
Os cachorros podem ser fotografados se exercitando, à maneira de um atleta. Os gatos podem ser estimulados a saltar para pegar bolas ou outros brinquedos. E isso pode render imagens espetaculares.
Use uma velocidade alta (1/500s ou mais) para fotografá-los em ação e abra mais o diafragma para permitir alcançar uma velocidade alta e ressaltar a beleza do animal com o desfoque de fundo. No entanto, a maior dificuldade passa a ser o foco. É preciso antecipar os movimentos para seguir o animal com a câmera e posicionar-se no lugar certo. O zoom ajuda ao permitir mudar a distância focal conforme ele se aproxima ou se afasta.
Para imagens de ação é preciso muita paciência e haverá falhas, principalmente por causa do foco. Nesse tipo de situação, o equipamento faz a diferença e uma lente profissional, com um autofoco preciso e rápido (como uma 70-200 f/2.8 ou 300 mm f/4), diminui muito a possibilidade de falha.
Quem não tem tal objetiva pode desativar o autofoco, identificar um lugar onde o animal vai passar, pré-ajustar o foco manualmente no local e disparar no momento que ele passa pela zona nítida. Outra maneira de ressaltar a ação é o efeito de panning (rastros), que enfatiza a velocidade, deixando o tema nítido e o fundo borrado, com rastros. Para isso, opte por uma velocidade baixa, entre 1/60s e 1/8s, dependendo da distância focal, do movimento do animal e do nível de desfoque desejado. Siga o bicho com a câmera e dispare sem parar de mover a câmera. Para conseguir um bom panning são necessárias muitas tentativas. Mas o resultado pode ser sensacional.