10-2025
Brasileiro é destaque no concurso Wildlife Photographer 2025
O Museu de História Natural de Londres anunciou os vencedores do Wildlife Photographer of the Year de 2025 e entre eles está um brasileiro, Fernando Faciole, vencedor do Prêmio Impact 2025 – Altamente Recomendado/Fotojornalismo – que registrou um filhote órfão de tamanduá-bandeira seguindo seu cuidador após uma refeição noturna em um centro de reabilitação. O concurso premia imagens que mostram a diversidade da vida no planeta em 19 categorias diferentes e este ano houve um recorde de inscrições com 60.636 imagens enviadas por fotógrafos de 113 países e territórios. A foto de Faciole busca destacar as consequências dos acidentes de trânsito, uma das principais causas do declínio da população de tamanduás-bandeira no Brasil. A mãe do filhote foi morta por um veículo, e a esperança é que ele seja solto de volta na natureza após ser incentivado por seu cuidador a desenvolver habilidades cruciais de sobrevivência. A imagem foi captada no Centro de Triagem de Animais Silvestres, em Belo Horizonte (MG).

O cobiçado título de Fotógrafo de Vida Selvagem do Ano foi para o sul-africano Wim van den Heever com uma cena de uma raríssima hiena-marrom entre os escombros de uma cidade de mineração de diamantes abandonada há muito tempo na região de Kolmanskop, Namíbia, local que o fotógrafo escolheu para montar sua armadilha fotográfica após notar pegadas de hienas por perto. “Levei 10 anos para finalmente conseguir esta única imagem de uma hiena-marrom, no enquadramento mais perfeito que se possa imaginar”, diz Van den Heever. As hienas marrons têm hábitos noturnos e, em sua maioria, são solitárias.

Com a imagem “Depois da Destruição”, o italiano Andrea Dominizi foi o vencedor da categoria Jovem Fotógrafo de Vida Selvagem do Ano 2025. Ele notou um besouro-longicórneo enquanto caminhava nas Montanhas Lepini, no Lácio, na região central da Itália, em uma área que antes era explorada para a extração de velhas faias, árvore da família dos carvalhos. Com uma lente grande angular e um flash, ele registrou o besouro com um maquinário abandonado ao fundo. A foto conta uma história de perda de habitat: à medida que os besouros-longicornes cavam túneis na madeira morta, os fungos penetram, ajudando a decompô-la e a reciclar nutrientes. Se o habitat dos besouros for perturbado ou destruído, os efeitos se espalham por todo o ecossistema.

O chinês Qingrong Yang foi o ganhador na categoria Comportamento: Pássaros cum um incrível timing fotográfico para mostrar um peixe capturando sua presa enquanto é atacado por pequena garça. Yang estava no Lago Yundang, em Fujian, perto de sua casa, lugar que ele visita regularmente para fotografar o frenesi alimentar: garças patrulham a superfície, prontas para atacar peixes que saltam para escapar de predadores subaquáticos. Antigamente um porto marítimo natural, o Lago Yundang foi isolado do mar durante o desenvolvimento da década de 1970. Longe das marés e correntes, tornou-se poluído e estagnado. Um projeto de engenharia posteriormente o reconectou ao mar por meio de um sistema de comportas que regulam o fluxo de água.

O americano Dennis Stogsdill levou o prêmio principal na categoria Comportamento: Mamíferos ao flagrar um caracal caçando um flamingo no Parque Nacional do Serengeti, na Tanzânia. Dennis estava de olho em felinos selvagens, como o serval, há vários dias, quando recebeu um chamado pelo rádio: um deles havia sido visto no Lago Ndutu. Não era um serval, mas um caracal, caçando com sucesso flamingos-pequenos. Esses felinos têm uma dieta variada, de insetos a antílopes, e são famosos pelos saltos acrobáticos que realizam para capturar pássaros no ar. Mas há poucos registros, se houver, deles caçando flamingos.

O canadense Shane Groos foi o melhor na categoria Animais em seu Ambiente com a imagem de moreia-pimentada em seu habitat natural procurando carniça na maré baixa. Shane precisou de inúmeras tentativas ao longo de várias semanas na Ilha D’Arros, em Seychelles, para documentar esse comportamento raramente fotografado. No início, as enguias eram esquivas, mas quando Shane percebeu que elas estavam procurando peixes mortos, ele esperou. Sua paciência logo foi recompensada quando essas três enguias apareceram. Elas são bem adaptadas à zona entremarés e podem caçar tanto acima quanto abaixo da superfície da água usando seus aguçados olfato e visão, às vezes permanecendo fora d’água por mais de 30 segundos.

O francêsQuentin Martinez foi o vencedor na categoria Comportamento: Anfíbios e Répteis com a foto do encontro um encontro de pererecas em um evento de reprodução na Montanha Kaw, Guiana Francesa. Sob chuva persistente, Martinez seguiu por um caminho alagado até uma poça temporária em uma clareira na floresta. Ele enquadrou a cena com uma lente grande angular e usou um flash difuso, que não perturbou os anfíbios, para destacar seu brilho metálico. Para atrair parceiros, as pererecas produzem chamados curtos e estridentes. Grandes grupos se reúnem depois de fortes chuvas para a reprodução.

Um estranho “capacete” de uma lagarta esqueletizadora de folha deu à australiana à australianaGeorgina Steytler o prêmio principal na categoria Comportamento: Invertebrados. Ela procurava por essa lagarta há anos quando notou eucaliptos com folhas esqueléticas no Parque Nacional Torndirrup, na Austrália Ocidental, sinais reveladores de que o animal estava por ali. Com uma luz do sol poente por trás e com um flash de preenchimento para iluminar a cabeça da lagarta, ela mostrou o “capacete” incomum da espécie, feito de cápsulas cefálicas antigas, cada uma retida a cada muda. Acredita-se que essa “torre” ajude a desviar ataques de predadores.

Na categoria Oceanos, o norueguês Audun Rikardsen documentou a hora da alimentação ao redor de um navio de pesca no Atlântico durante uma noite polar no Fiorde Kvænangen, norte da Noruega. Ele conseguiu fotografar a cena caótica de gaivotas tentando capturar peixes presos em redes. Essas aves aprenderam a seguir o som dos barcos para encontrar um banquete de arenque. Com esse trabalho, Rikardsen pretende chamar a atenção para o conflito atual entre as aves marinhas e a indústria pesqueira. Muitas aves se afogam dentro ou ao redor dessas redes de cerco todos os anos. Diversos pesqueiros e pesquisadores estão testando soluções, incluindo afundar as redes mais rapidamente para torná-las menos acessíveis às aves. Para ver todas as fotos premiadas na edição 2025 do concurso britânico, basta acessar o site: www.nhm.ac.uk/wpy.
