06-2024
Obra inédita e colorida de Luiz Braga ganha mostra em São Paulo
Prestes a celebrar 50 anos de carreira, o paraense Luiz Braga ganha uma exposição individual de seu elogiado trabalho por meio da Galeria Leme, no Butantã, em São Paulo (SP). A mostra reúne um conjunto de 19 imagens, em sua maior parte inéditas, e recebeu o nome de Luiz Braga: Colorista. Apresenta um recorte diferente da obra do fotógrafo, que se desprende da figuração e sugere a visão de um universo colorido. Com abertura prevista para 29 de junho, às 13h, a exposição gratuita seguirá aberta para visitação até 10 de agosto de 2024
Obra “Amanhecer no Rio Amazonas”, de 2022: as luzes e as cores da Amazônia são a matéria-prima de Braga
Natural de Belém (PA), Luiz Braga nasceu em 1956 e iniciou sua trajetória profissional em 1975, trabalhando nos segmentos de retrato, publicidade e arquitetura – ele arquiteto formado em 1983 pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Pará (UFPA). Passou pelo fotojornalismo como colaborador do jornal O Estado do Pará, em 1978, e criou depois o próprio tabloide, Zeppelin, no qual foi editor e fotógrafo até 1980. Teve a primeira exposição em 1979, mostrando imagens em P&B de caráter documental, com flagrantes do cotidiano e retratos de trabalhadores ribeirinhos da Amazônia.
Obra “Juliana e as luzes”, uma das imagens inéditas que podem ser vistas na exposição de Luiz Braga em São Paulo
Com o tempo, deixou o P&B e passou a ter conhecido como “fotógrafo amazônico” por sua vasta obra retratando cores, pessoas e paisagens da região, especialmente de Belém, destacando-se por sua criatividade ao explorar a luz e a cor. Focado em espaços urbanos e não na floresta, afastou-se de estereótipos e mostrou um olhar formado não apenas no fotojornalismo, mas também na história da arte (o que inclui a história da fotografia) e na cultura visual popular amazônica.
Obra “Casa rosa”, de 2021: a opção por cores fortes, característica de muitos ribeirinhos da Amazônia, é explorada por Luiz Braga
No final da década de 1980, o fotógrafo paraense começou a trabalhar mesclando luzes naturais e artificiais, quase sempre fotografando no horário do lusco-fusco e usando filme apropriado para a luz do dia, gerando assim imagens de cores mais saturadas de maior expressão artística. Em 1988, ele recebeu renomado Prêmio Marc Ferrez, do Instituto Nacional de Fotografia da Funarte, com a série A Margem do Olhar. Já em 1991, foi ganhador do importante Leopold Godowsky Color Photography Award, dado pela Universidade de Boston, nos Estados Unidos.
Obra “Salto no Igarapé”, de 2021: as cores das cenas do cotidiano fazem parte do repertório do fotógrafo do Pará
Apesar de partir da paisagem urbana e humana da Amazônia, o interesse de Luiz Braga está voltado para a luz e a que incidem sobre objetos, ambientes e pessoas. Por isso, com a popularização da fotografia digital, ele também passou capturar imagens com pixels. Ao utilizar uma câmera da Sony com o recurso night shot (capaz de captar imagens no escuro com a função infravermelho) ele produziu criativa a série Nithgvisions em 2006 usando a câmera durante o dia no modo noturno. O resultado eram imagens que se assemelhavam a gravuras.
Obra “Barbeiro verde”, de 2013: Braga começou a fotografar profissionalmente em 1975 e completará 50 anos de carreira no ano que vem
De forma geral, a fotografia de Luiz Braga revela ao Brasil uma parte que do próprio País desconhece ou se esquece. Em uma constante exploração de ferramentas e suportes, subverte cores, luzes e materiais. Por tudo isso, é um nome importante para a fotografia brasileira. Suas principais referências são nomes históricos ligados ao fotojornalismo nacional e internacional, como os franceses Henry Cartier-Bresson (1908-2004) e Jean Manzon (1915-1990), além do brasileiro José Medeiros (1921-1990). Nesta lista ainda estão profissionais que atuaram na extinta revista Realidade, como Maureen Bisilliat (1931) e Walter Firmo (1937).
Serviço: Exposição “Luiz Braga: Colorista”, na Galeria Leme, Av. Valdemar Ferreira, 130, Butantã, São Paulo (SP); pode ser visitada de 29 de junho as 10 de agosto de 2024, de terças a sexta, das 10h às 19h, e aos sábados, das 10h às 17h.
Obra “Brisa da tarde”, de 2019: Braga também explora a cor sem a presença humana e uma cortina de pano que balança ao vento vira arte