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01-2017

Tire suas dúvidas sobre objetivas

A objetiva certa e a qualidade dela fazem muita diferença na hora de fotografar

A objetiva certa e a qualidade dela fazem muita diferença na hora de fotografar

Por Diego Meneghetti

Os fotógrafos em geral preferem usar o termo “lente”, mais popular, ao sinônimo “objetiva”. Tanto faz: o importante é que esse componente da câmera desempenha a função essencial de projetar no sensor uma imagem focalizada da cena que será fotografada. Sem objetiva, portanto, uma câmera não registra imagens de forma “correta”.

Na maioria das vezes, a objetiva funciona como uma “lente de redução”, ou seja, atua para que a imagem de uma cena caiba na área relativamente pequena do sensor da câmera. Mas ela também pode funcionar de maneira oposta, ampliando algum elemento pequenino para ser reproduzido bem maior na foto, agindo como uma lupa.

Fotografia de esportes exige o uso de teleobjetivas poderosas

Fotografia de esportes exige o uso de teleobjetivas poderosas

Para realizar essa tarefa de ampliar ou reduzir imagens, a objetiva conta com um conjunto de lentes no seu interior, também chamadas de elementos ópticos. A quantidade de elementos, que são organizados em grupos que se movimentam, varia com o modelo da objetiva.

Além disso, toda objetiva contém um dispositivo essencial para o ajuste da quantidade de luz que chega ao sensor. Formado por um conjunto de lâminas, o diafragma amplia ou diminui o orifício pelo qual a luz passará. O resultado da mudança dessa abertura é a alteração da profundidade de campo, área da imagem que aparenta estar em foco. Confira as explicações do professor Thales Trigo para as principais dúvidas relacionadas às objetivas.

Quais os tipos de objetivas que existem?

De maneira geral, as objetivas podem ser separadas em três “famílias”: as normais, as teleobjetivas e as grandes angulares. Essas nomenclaturas estão associadas a duas características presentes em toda objetiva: a distância focal e o ângulo de visão que ela oferece para um determinado tipo de câmera. De forma simples, quanto maior é a distância focal da objetiva, menor é o ângulo fotografado.

As lentes “normais” para um determinado tipo de câmera são aquelas que alcançam um ângulo de visão próximo ao campo oferecido pelo olho humano. A referência da visão monocular é importante, pois, ao considerar a ação dos dois olhos, o campo de visão das pessoas aumenta.

No padrão 35 mm (de câmeras de sensor de quadro cheio), a distância focal que mais se aproxima do campo de visão monocular humano é a 50 mm. Já no padrão APS-C a objetiva considerada normal é a 35 mm.

Objetiva de 50 mm, chamada de normal por ter ângulo de visão parecido com o do olho humano

Objetiva de 50 mm, chamada de normal por ter ângulo de visão parecido com o do olho humano

Acima dessa distância focal está a segunda família de lentes, a teleobjetiva. Ela forma imagens maiores, mais ampliadas e, naturalmente, com ângulos menores de visão. Na prática, são mais usadas para fotografar elementos que estão longe da câmera.

Na outra ponta, as grandes angulares têm comportamento oposto: formam uma imagem menor (em relação ao mundo real), mas com ângulo de visão maior. Por isso, são mais usadas para fotografar cenas em que a amplitude é um aspecto importante, como as paisagens.

A lente grande angular é mais abrangente e idela para fotografar paisagens

A lente grande angular é mais abrangente e idela para fotografar paisagens

Além disso, a objetiva pode ser “fixa” ou “zoom”. As lentes fixas têm uma única distância focal e fotografam sempre com o mesmo ângulo de visão. Já as lentes zoom têm distância focal variável, ou seja, é o fotógrafo quem muda a distância focal e, com isso, o ângulo fotografado.

Objetiva zoom que vai de grande angular de 18 mm a tele de 30 mm

Objetiva zoom que vai de grande angular de 18 mm a tele de 30 mm

Tenho apenas uma objetiva. Como escolher uma segunda lente?

Normalmente, a primeira objetiva é uma lente zoom, de distâncias focais entre 18 mm e 55 mm. No padrão de sensores APS-C, essa lente básica permite fotografar a maioria dos assuntos cotidianos, mas com certa limitação no zoom e nas aberturas de diafragma. Para resultados mais expressivos, é natural que se queira adquirir mais lentes, usando assim a principal vantagem de se ter uma câmera reflex ou mirrorless: a variedade de objetivas disponíveis.

Comprar uma nova objetiva é fonte de dúvidas, mas também de prazer. A resposta mais simples e prática é a seguinte: se você gosta de fazer retratos, um dos temas mais populares da fotografia, vai precisar de uma lente mais longa, ou seja, a opção por uma teleobjetiva é mais acertada. Por outro lado, se você gosta de fotografar paisagens, uma lente de 18 mm já é suficiente. Assim, na maioria dos casos, o mais indicado para a segunda lente é optar por um zoom mais longo, como uma objetiva 18-135 mm, por exemplo.

Uma zoom como a 18-135 mm já consegue um bom desfoque no fundo que valoriza a imagem

Uma zoom como a 18-135 mm já consegue um bom desfoque no fundo que valoriza a imagem

Outra opção é ter à disposição pelo menos uma lente fixa com aberturas claras, como a 50 mm f/1.8. Isso traz mais opções estéticas para a fotografia ao trabalhar a profundidade de campo bem curta.

O que é uma objetiva macro?

Basicamente uma objetiva macro é uma lente que permite fazer imagens mais “ampliadas”. De forma geral, essas objetivas podem focalizar elementos a menores distâncias que as lentes convencionais. Por exemplo: uma lente normal de 50 mm geralmente tem distância mínima de focalização em torno de 50 cm (a distância é medida entre o plano de foco no objeto e o plano do sensor da câmera). Já uma macro também de distância focal de 50 mm permite focalizar elementos a cerca de 25 cm. Com uma macro, portanto, é possível se aproximar mais dos objetos que serão fotografados.

A lente macro permite uma grande aproximação ao tema, como fotos de insetos

A lente macro permite uma grande aproximação ao tema, como fotos de insetos

Esse tipo de lente é útil, por exemplo, para a fotografia de joias, de insetos e de assuntos abstratos, quando a ampliação da imagem é muito grande. Além das objetivas próprias, que são identificadas como macro, uma alternativa para fotografar mais próximo dos objetos é usar filtros close-up acoplados à frente da lente convencional ou tubos de extensão, colocados entre a câmera e a lente.

Para que servem as objetivas especiais tilt-shift?

Esse tipo de objetiva tem uso muito específico. O que as torna especiais é que elas podem ser inclinadas e deslocadas lateralmente em relação ao plano do sensor, movimentos que permitem ter melhor controle da focalização e também da perspectiva da imagem.

A lente tilt-shift Nikkor 24 mm PC é ideal para arquitetura

A lente tilt-shift Nikkor 24 mm PC é ideal para arquitetura

Com esse tipo de objetiva, é possível alterar o plano da profundidade de campo, deixando-o na diagonal em relação ao sensor (normalmente eles são paralelos). Isso é útil, por exemplo, para fotografar produtos em uma mesa e deixá-los totalmente focalizados, mesmo com diafragmas mais abertos, que renderiam profundidade de campo mais restrita. Ainda que seja projetada para uso de fotografia “técnica”, a lente tilt-shift pode gerar imagens artísticas, com um efeito chamado “foco seletivo”, quando o plano da profundidade de campo é usado de forma “oposta” ao plano da cena.

Interior de biblioteca fotografado com lente tilt-shift, que corrige as pespectivas

Interior de biblioteca fotografado com lente tilt-shift, que corrige as pespectivas

Por outro lado, ao permitir o controle de “correção” de perspectiva, a tilt-shift é muito usada em fotografia de arquitetura, em imagens externas e internas. Um edifício alto, por exemplo, pode ser fotografado sem a típica convergência de linhas paralelas, algo que ocorre quando se fotografa com lentes convencionais.

As lentes tilt-shift têm distância focal fixa: a Canon, por exemplo, oferece a linha TS-E com modelos de 17 mm, 24 mm, 45 mm e 90 mm. A Nikon tem os modelos PC-E 24 mm, 45 mm e 85 mm. Há também outros fabricantes que produzem esse tipo de lente.

Uma câmera pode usar uma objetiva de outra marca?

As objetivas podem ser usadas em câmeras diferentes, inclusive de fabricantes distintos. É possível encontrar no mercado adaptadores para essa função. São peças que permitem usar objetivas de um determinado fabricante em câmeras de outra marca, que nativamente são incompatíveis. Com o adaptador certo, é possível usar lentes da Sony em uma câmera da Canon ou da Nikon e uma da Panasonic, por exemplo.

Os adaptadores são peças que permitem usar lentes em câmeras de marcas diferentes, como esta Panasonic Lumix com uma lente da Nikon

Os adaptadores são peças que permitem usar lentes em câmeras de marcas diferentes, como esta Panasonic Lumix com uma lente da Nikon

O uso de adaptadores requer alguns cuidados, pois certos controles podem ser perdidos, como o foco automático e a fotometria. Quando uma objetiva é usada com adaptador, é possível que o ângulo de visão seja levemente modificado, e isso pode gerar perda de qualidade da imagem nas bordas da foto.

O que determina a qualidade de uma lente?

A qualidade de uma objetiva é resultado de uma série de fatores. Grandes fabricantes como Canon, Nikon, Leica e Sony produzem diferentes séries de objetivas, com distâncias focais equivalentes. Nessas linhas distintas, os preços e a qualidade final podem mudar muito. De maneira geral, quanto mais cara é a objetiva, melhor é a qualidade. Na Canon, por exemplo, a linha L (sinalizada por um anel vermelho em torno da lente) reúne objetivas de maior qualidade.

Lentes profissionais, como esta Sony 70-400 mm, têm qualidade (e preço) superior às lentes para amadores

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Além disso, em toda objetiva a escolha do diafragma interfere diretamente na nitidez da imagem. Geralmente, a posição mais nítida de uma objetiva é obtida com o diafragma em 2 a 3 pontos mais fechados a partir da abertura mais clara.

Outro aspecto importante é que uma boa objetiva pode ser usada durante muitos anos. Por isso, é um investimento seguro. Os corpos das câmeras, por outro lado, ficam obsoletos em um prazo bem menor. A resolução, a eletrônica e seus processadores mudam mais rapidamente que a óptica.

Vale a pena investir em objetivas de melkhor qualidade, pois elas duram anos a fio

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Para que serve o estabilizador de imagem?

Os estabilizadores servem para “melhorar” a qualidade das imagens. Usando sistemas ópticos bem sofisticados e sensíveis, minimizam a trepidação gerada por movimentos que a câmera tem ao funcionar – seja o próprio balanço involuntário do fotógrafo ao segurar a câmera na mão ou uma vibração causada pelo funcionamento do espelho e do obturador das DSLRs. Assim, os estabilizadores atuam principalmente na nitidez da imagem, evitando que a foto seja registrada com os “tremidos”.

O estabilizador de imagem minimiza trepidações da câmera e permite fotos sem partes tremidas

O estabilizador de imagem minimiza trepidações da câmera e permite fotos sem partes tremidas

Como esse recurso pode ser desligado, na maioria das vezes por meio de uma chave no corpo da lente, entende-se que o fotógrafo pode não querer usar o sistema de estabilização. Isso ocorre por dois motivos. Primeiro, quando se utiliza a câmera em um tripé, o estabilizador pode gerar um efeito contrário ao que se deseja, deixando a imagem mais tremida, uma vez que a câmera já está estabilizada. Por outro lado, às vezes por razões estéticas, o fotógrafo pode querer que a imagem fique tremida. Não há nada contra isso – todo fotógrafo tem a liberdade na criação.

Com a câmera no tripé, o estabilizador de imagem deve ser desligado, pois pode provocar um efeito

Com a câmera no tripé, o estabilizador de imagem deve ser desligado, pois pode provocar um efeito

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